Sob os olhares de Trump, SpaceX não consegue repetir captura de propulsor do Starship
O megafoguete Starship da SpaceX decolou nesta terça-feira (19) em seu mais recente voo de teste, com a presença do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que compareceu para testemunhar o evento ao lado do bilionário Elon Musk.
No entanto, o líder republicano não teve a chance de assistir à recuperação da primeira seção propulsora do foguete pelos braços mecânicos da plataforma de lançamento, uma inovação de engenharia que a empresa utilizou no mês passado e que Trump elogiou pessoalmente em seu discurso de vitória eleitoral.
Em vez disso, o colossal propulsor Super Heavy realizou um pouso mais moderado no Golfo do México. Representantes da empresa alegaram que critérios técnicos não foram cumpridos, o que impediu o sucesso total de um evento que contou com a presença de figuras do círculo de Trump, incluindo Donald Trump Jr.
Na tarde desta terça-feira, Trump saudou calorosamente Musk, usando um boné vermelho com o slogan "Make America Great Again" (Torne a América Grande Novamente). Os dois assistiram ao lançamento juntos na torre de controle da base Starbase, da SpaceX, em Boca Chica, Texas, onde o foguete decolou às 16h locais (19h de Brasília), no sexto voo de teste do Starship.
Musk, fundador e CEO da SpaceX, tem estado ao lado de Trump desde a vitória do republicano, acompanhando-o em reuniões e até em um evento de luta do UFC.
Após nomear Musk como codiretor do "Departamento de Eficiência Governamental", a decisão de Trump de visitar as instalações de Musk destaca ainda mais a relação crescente entre os dois bilionários. Essa proximidade tem levantado suspeitas de possíveis conflitos de interesse, dado os contratos lucrativos da SpaceX com a Nasa o Pentágono.
O lançamento desta terça-feira marcou o intervalo mais rápido entre os voos de teste do foguete mais poderoso do mundo, um gigante de aço inoxidável com 121 metros de altura. Este foguete é fundamental para a ambição de Musk de colonizar Marte e transformar a humanidade em uma espécie multiplanetária.
A Nasa também planeja usar uma versão especializada do Starship para transportar astronautas à superfície lunar até o final desta década, no âmbito do programa Artemis.
- Pouso durante o dia -
O sexto voo do Starship foi considerado um teste para determinar se a recuperação anterior do foguete pela SpaceX foi um feito de precisão ou mera sorte. Isso ganhou relevância após Musk, talvez sem intenção, revelar que o voo anterior esteve próximo de um desastre.
Em um vídeo publicado no X, enquanto jogava o videogame Diablo IV, os espectadores atentos ouviram um funcionário informá-lo que o foguete Super Heavy esteve "a um segundo" de uma falha no sistema, o que poderia ter causado uma catástrofe.
A parte superior do Starship, que se desprende do propulsor, realizou uma órbita parcial ao redor da Terra e reentrou na atmosfera pouco mais de uma hora depois, desta vez durante o dia, proporcionando imagens mais claras para análise.
Entre os marcos importantes do voo estão o religamento dos motores Raptor no espaço e o teste de novos materiais de proteção térmica.
O voo também transportou a primeira carga útil do Starship: uma banana de pelúcia. Ele marca o "canto do cisne" da geração atual de protótipos Starship.
Os funcionários da SpaceX comemoraram quando a etapa superior pousou quase verticalmente próximo à costa noroeste da Austrália, criando uma grande coluna de vapor de água. A transmissão ao vivo do lançamento foi assistida por quase nove milhões de espectadores.
Com o dobro de potência dos foguetes Saturno V das missões Apollo, o Starship é o foguete mais poderoso já construído. Musk já anunciou que seu sucessor, o Starship V3, será "três vezes mais potente" e poderá voar dentro de um ano.
- Musk em alta -
O voo acontece no momento em que Musk celebra a vitória eleitoral de Trump no dia 5 de novembro, após realizar uma ampla campanha para o retorno do líder republicano e doar somas significativas de sua fortuna para essa causa.
Essa lealdade rendeu frutos. Musk foi nomeado codiretor de um novo "Departamento de Eficiência Governamental" (DOGE, na sigla em inglês), uma referência à criptomoeda Dogecoin, que Musk promove frequentemente.
Essa nomeação gerou preocupações sobre a possibilidade de Musk envolver-se em "self-dealing" (transações em benefício próprio), ultrapassando a linha entre ser um funcionário público e um magnata corporativo.
Críticos temem que Musk possa influenciar decisões regulatórias para beneficiar suas seis empresas, incluindo a SpaceX e o programa Starship.
A SpaceX, por sua vez, não hesitou em enfrentar obstáculos regulatórios. Antes do quinto voo, a empresa criticou duramente o processo de concessão de licenças, atribuindo os atrasos a questões "frívolas", como revisões ambientais.
(D.Lewis--TAG)