Asteroide Dimorphos, desviado em 2022, é um aglomerado de detritos
O asteroide Dimorphos, o primeiro corpo espacial desviado de sua trajetória em 2022, é, na realidade, um aglomerado de detritos de seu irmão mais velho, Didymos, ao redor do qual orbita, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira (26).
O objeto celeste foi atingido em setembro de 2022 pela espaçonave Double Asteroid Redirection Test (DART, na sigla em inglês), uma experiência inédita da Nasa para estudar a capacidade de desviar um asteroide que ameaçasse a Terra.
O sucesso da missão, que ocorreu a cerca de 11 milhões de quilômetros da Terra, só pôde ser medido ao examinar as consequências do impacto na órbita de Dimorphos em torno de Didymos.
O asteroide desviado, com cerca de 160 metros de diâmetro, deu uma volta completa em seu irmão, cujo diâmetro é de 800 metros, em pouco menos de 12 horas.
O tempo de cada volta foi reduzido em mais de meia hora após o impacto do DART, conforme testemunhado por um microssatélite italiano que acompanhou a missão, e cujas observações são recolhidas da Terra por telescópios.
Sabina Raducan, especialista em pequenos corpos celestes da Universidade de Berna, na Suíça, acabou de publicar um estudo na Nature Astronomy explicando que estes dados "sugerem que Dimorphos é um aglomerado de detritos".
"De acordo com as simulações, Dimorphos era uma 'estrutura' muito fácil, que ofereceu muito pouca resistência" ao impacto de DART e seus 610 kg, explica à AFP o co-autor do estudo, Patrick Michel, astrofísico do Observatório da Costa Azul.
Tal fragilidade possibilitou que a colisão, "em vez de criar uma cratera com cerca de dez metros de diâmetro, provocou uma deformação completa do corpo" celeste, acrescentou.
- Um aglomerado de detritos -
Os cientistas esperam que a sonda HERA, da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), que deve alcançar Dimorphos em 2026, examine o asteroide com meios técnicos mais avançados.
Dimorphos seria composto por uma mistura heterogênea de silício. Na verdade, trata-se de uma massa de pedras, bastante pequenas, uma vez que menos da metade (40%) têm mais de 2,5 metros, segundo simulações apoiadas pelas últimas imagens obtidas pelo DART antes da queda da nave.
A estrutura do astro, que será examinada através de um radar de baixa frequência da sonda HERA, seria caracterizada por uma grande porosidade, o que explicaria a sua fragilidade. Isto leva os astrônomos a pensar que sua origem e crescimento são explicados pelos detritos expelidos por Didymos.
Esta seria uma "boa notícia", segundo Patrick Michel, porque confirmaria que um asteroide de silício como Dimorphos tem aproximadamente o mesmo comportamento dos carbonáceos mais comuns, como Bennu ou Ryugu, "ou seja, com muito pouca resistência".
Então já se saberia o que esperar caso no futuro fosse necessário desviar um desses asteroides para salvar a Terra.
O avanço é importante porque estes objetos "têm um comportamento que desafia a nossa intuição, devido ao seu ambiente muito diferente do da Terra", destaca o especialista.
Em 2029, o asteroide Apophis passará perto do nosso planeta, a cerca de 32 mil km de distância, o que oferecerá um "laboratório natural" para o estudo destas estrelas.
Uma missão para estudar o comportamento do Apophis durante sua passagem está sendo preparada, embora sem necessidade de aproximação, já que ele será visível da superfície terrestre.
(J.Torres--TAG)