Países europeus revelam planos para construir enorme acelerador de partículas
A Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN, na sigla em inglês) avança em seus planos de construir um enorme acelerador de partículas três vezes maior que o atual Grande Colisor de Hádrons (LHC), localizado abaixo da terra entre a França e a Suíça.
O Futuro Colisor Circular (FCC) começará a funcionar colidindo suas primeiras partículas por volta de meados deste século e, posteriormente, aumentará sua potência em torno de 2070, de acordo com propostas anunciadas na segunda-feira (5).
Caso os 22 membros (incluindo Israel) da CERN aprovem o projeto, ele somará forças ao LHC. O objetivo de ambos os dispositivos é aprofundar os estudos sobre as colisões de partículas lançadas dentro de um anel quase à velocidade da luz.
Através destes choques, é possível descobrir a verdadeira natureza destes elementos.
Em 2012, o LHC alcançou um marco histórico, quando possibilitou que cientistas observassem o bóson de Higgs pela primeira vez.
Este colisor, que custou 5,6 bilhões de dólares (28 bilhões de reais na cotação atual) e foi inaugurado em 2008, completará seu ciclo por volta de 2040.
Logo, um FCC mais rápido e poderoso permitiria que cientistas ultrapassassem ainda mais os limites da física. Com ele, pesquisadores esperam poder confirmar a existência de mais partículas até então vistas apenas em teorias.
Outro desafio para a ciência é descobrir exatamente do que é feito 95% do universo. Acredita-se que em torno de 68% do cosmos seja energia escura, e 27%, matéria escura, ambos um mistério completo.
Os cientistas também buscam descobrir por que há tão pouca antimatéria no universo, em comparação à matéria.
"Nosso objetivo é estudar as propriedades da matéria em sua menor escala e ao máximo de energia", disse a diretora-geral da CERN, Fabiola Gianotti, ao apresentar o relatório em Genebra sobre as primeiras conclusões de um estudo de viabilidade do FCC que será finalizado em 2025.
- A "única máquina" -
Os Estados-membros da CERN decidirão em 2028 se levarão o plano adiante. Se for aprovado, a construção do colisor começaria em 2033, e o projeto seria dividido em três etapas.
Em 2048, o colisor "elétron-pósitron" iniciaria com o choque entre partículas leves, com o objetivo de aprofundar as pesquisas sobre o bóson de Higgs e a chamada força fraca, uma das quatro fundamentais.
O custo do túnel, da infraestrutura e da primeira etapa do colisor seria de cerca de 15 bilhões de francos suíços (em torno de 17 bilhões de dólares, ou 85 bilhões de reais na cotação atual), disse Gianotti.
Este colisor de hádrons de maior capacidade começaria a operar apenas a partir de 2070. Seu objetivo energético seria de 100 bilhões de elétron-volts, superando em muito o atual recorde do LHC de 13,6 bilhões.
Para Gianotti, o FCC seria a "única máquina" que permitiria à humanidade "dar um salto gigantesco no estudo da matéria".
Após oito anos de estudos, a configuração escolhida para o FCC foi um novo túnel circular com 90,7 quilômetros de extensão e 5,5 metros de diâmetro.
O túnel, que o ligaria ao LHC, passaria sob a região de Genebra e seu lago homônimo na Suíça, seguindo para sul, em direção à cidade francesa de Annecy. Além disso, seriam construídos oito pontos técnicos e laboratórios científicos na superfície.
A CERN afirmou que está consultando as regiões ao longo da rota e planeja realizar estudos de impacto sobre como o túnel afetaria a área.
(F.Jackson--TAG)