Israel diz que atacará o Irã com base em seu interesse nacional após advertência dos EUA
Israel responderá ao ataque de mísseis do Irã com base em seu "interesse nacional", afirmou nesta terça-feira (15) o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, depois que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu que o país evite bombardeios contra instalações nucleares e de petróleo.
O Irã, que afirma estar disposto a "defender-se" de Israel, organizou nesta terça-feira em Teerã o funeral do general Abbas Nilforushan, assassinado em 27 de setembro ao lado do líder do movimento libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um ataque israelense perto de Beirute.
No dia 1º de outubro, o Irã lançou quase 200 mísseis contra Israel como retaliação às mortes.
Na manhã desta terça-feira, diante de uma multidão que exibia bandeiras iranianas, palestinas e do Hezbollah na Praça Imã Hossein de Teerã, Esmail Qaani, comandante da unidade de elite da Guarda Revolucionária, reapareceu em público após informações da imprensa de que teria sido alvo de ataques israelenses em 4 de outubro no sul de Beirute.
Israel, em guerra com o Hezbollah no Líbano e com o movimento palestino Hamas na Faixa de Gaza, continua preparando uma resposta ao ataque do Irã, aliado dos dois movimentos islamistas.
"Escutamos as opiniões dos Estados Unidos, mas tomaremos nossas decisões finais com base em nosso interesse nacional", disse Netanyahu sobre a resposta ao Irã.
A declaração parece contradizer a informação do jornal Washington Post de que Netanyahu teria afirmado, durante uma conversa telefônica com Biden na semana passada, que a eventual resposta ao Irã será limitada a instalações militares.
- Noite violenta em Baalbeck -
Após quase um ano de confrontos armados com o Hezbollah na fronteira israelense-libanesa e depois de enfraquecer o Hamas, em meados de setembro o exército israelense alterou o foco da guerra para o Líbano, onde intensificou os ataques contra os redutos do movimento xiita.
O objetivo é afastar o Hezbollah das regiões fronteiriças entre Líbano e Israel e acabar com os lançamentos de foguetes, para permitir o retorno de quase 60 mil deslocados israelenses às suas casas.
O exército israelense efetuou nesta terça-feira vários ataques no sul do país e na região do Bekaa (leste), onde deixou um hospital da cidade de Baalbeck fora de serviço, segundo a agência oficial de notícias libanesa ANI.
"Foi uma noite violenta em Baalbeck, não tínhamos uma noite assim desde a guerra de 2006" entre Israel e Hezbollah, disse Nidal al Solh, 50 anos.
O Hezbollah, que afirma atuar em apoio ao Hamas, abriu uma frente contra Israel em 8 de outubro de 2023, um dia após o ataque sem precedentes do movimento islamista palestino a Israel que desencadeou a guerra em Gaza.
Apesar de enfraquecido, o Hezbollah prossegue com os ataques contra Israel e nesta terça-feira afirmou que lançou foguetes contra o norte do país.
O Hezbollah executou no domingo um ataque com drones contra uma base militar em Binyamina, norte de Israel, que matou quatro soldados e feriu mais de 60, segundo as equipes de emergência, a ação mais violenta do movimento em território israelense.
Ao menos 1.315 pessoas morreram no Líbano desde 23 de setembro, quando começou a ofensiva israelense contra a milícia pró-Irã, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais. Quase 700 mil foram deslocadas, segundo a ONU.
Os combates no Líbano também atingiram a força de paz das Nações Unidas no sul do Líbano, a Unifil, e Netanyahu pediu ao secretário-geral da ONU no domingo que colocasse os capacetes azuis fora de perigo "imediatamente".
A Unifil denuncia "violações chocantes" por parte de Israel contra as suas posições e garante que permanecerá na região, segundo o chefe das forças de manutenção da paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix.
Na Faixa de Gaza, a Defesa Civil indicou que um bombardeio na segunda-feira na cidade de Deir al Balah (centro) matou quatro pessoas no complexo do Hospital dos Mártires de Al Aqsa, que abriga deslocados.
O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 em solo israelense matou 1.206 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses e que inclui reféns mortos em cativeiro em Gaza.
Ao menos 42.344 palestinos, a maioria civis, morreram na ofensiva israelense no território, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.
(P.Clark--TAG)