Protesto exige que presidente dominicano faça deportações maciças de haitianos
Centenas de dominicanos protestaram, neste sábado (5), em Santo Domingo, para exigir que o presidente Luis Abinader cumpra a promessa de deportar semanalmente 10.000 haitianos sem documentos e faça cumprir o controle migratório para evitar que eles voltem.
Estamos aqui "para que o presidente não volte atrás em sua decisão e que se comece a sancionar os ilegais", disse à imprensa Angelo Vásquez, presidente da Antiga Ordem Dominicana, grupo nacionalista que convocou o protesto.
"Fora haitianos!", "Se Abinader não tirá-los, nós os tiraremos", "Não à invasão de haitianos!", gritavam os manifestantes na Praça da Bandeira, uma das áreas de maior circulação da cidade, com bandeiras dominicanas e apitos.
Cerca de 500.000 imigrantes haitianos vivem na República Dominicana, país de 10,5 milhões de habitantes, embora grupos nacionalistas afirmem que o número aumentou nos últimos anos, após o terremoto que devastou o Haiti em 2010, a piora da crise econômica e a guerra entre gangues neste país.
Cerca de 250.000 haitianos foram expulsos ao longo de 2023, segundo números oficiais. Se de fato a meta de 10.000 deportações semanais for alcançada, a cifra por ano passaria de 500.000.
"Neste país não pode haver dois países, uma cultura muito diferente, idiossincrasia, religião; nós não podemos carregar o Haiti (...) Não têm sequer um documento em seu país, chega disso, chegamos ao limite", disse à AFP a cineasta Lidia Báez.
Os dominicanos que participaram da manifestação também denunciaram as "irregularidades" que ocorrem com as deportações pois, asseguram, em muitas ocasiões os haitianos são expulsos e voltam a entrar no país.
"Todas estas ações que fizeram tanto este governo quanto os outros são difíceis de acreditar, não confiamos", afirmou Jason Montero, estudante de 21 anos.
Comunidades de haitianos na República Dominicana denunciam casos de discriminação e racismo. Ativistas como o coordenador da Mesa para as Migrações e Refugiados da República Dominicana, William Charpentier, de ascendência haitiana, falam de uma "perseguição racial" nas frequentes batidas policiais no país.
Os haitianos representam 30% da força de trabalho na pecuária, na agricultura e na construção na República Dominicana, segundo o Fundo de População das Nações Unidas.
(T.Martin--TAG)