Premiê britânico promete condenações 'rápidas' após distúrbios da extrema direita
O primeiro-ministro britânico, o trabalhista Keir Starmer, prometeu, nesta segunda-feira (5), condenações "rápidas" depois da reunião de crise pelos distúrbios de ativistas da extrema direita após o assassinato de três menores.
Starmer convocou seu gabinete e altos funcionários da polícia, incluindo o chefe da Scotland Yard, Mark Rowley, para discutir como impedir os piores tumultos em 13 anos no Reino Unido.
Desde que começaram os confrontos, a polícia realizou mais de 378 prisões, segundo o NPCC, organismo que reúne os chefes das diversas forças policiais de todo o país.
É provável que esse número aumente à medida que os investigadores sigam identificando e prendendo os vândalos, alertou o presidente do NPCC, Gavin Stephens.
O primeiro-ministro prometeu que o Governo vai "fortalecer a justiça criminal" para garantir sanções "rápidas" em um momento em que o país está chocado com as imagens de ataques a abrigos para solicitantes de asilo e mesquitas, saques a lojas e confrontos com a polícia.
A onda de violência eclodiu após um ataque a faca que resultou na morte de três meninas há uma semana, durante uma festa temática da cantora americana Taylor Swift em Southport, que depois se espalhou por todo o país.
Os distúrbios foram alimentados por falsos rumores e especulações na internet sobre a identidade do suspeito e algumas versões divulgadas por "influenciadores" de extrema direita indicavam que o autor do crime era um solicitante de asilo muçulmano.
A polícia informou que o suspeito é um menino de 17 anos nascido no País de Gales, mas a imprensa britânica reportou que seus pais são ruandeses.
Depois de assumir uma posição de rigidez nos últimos dias contra aqueles aos quais descreveu como "bandidos de extrema direita", Starmer reuniu o gabinete de crise em sua residência de Downing Street, em Londres.
Starmer anunciou nesta segunda-feira que será criado um contingente permanente de policiais treinados para serem destacados em caso de novos distúrbios.
"Meu objetivo é garantir que acabemos com esses distúrbios", declarou.
Na tarde de domingo, o primeiro-ministro foi à televisão garantir aos manifestantes que eles vão "se arrepender" de terem participado dos tumultos dos últimos dias, direta ou indiretamente, "provocando estas ações na internet".
A violência representa um grande desafio para Starmer – um advogado de direitos humanos e ex-chefe do Ministério Público britânico – eleito há apenas um mês na vitória esmagadora dos Trabalhistas sobre os Conservadores.
Deputados de todo o espectro político instaram-no a convocar o Parlamento, atualmente em recesso de verão, incluindo a ex-ministra do Interior ultraconservadora Priti Patel e o líder ultranacionalista do Reform UK, Nigel Farage, conhecido por suas posições anti-imigração.
- Retórica anti-imigração -
Desde o ataque a faca da última segunda-feira em Southport, no noroeste de Inglaterra, os distúrbios e confrontos entre polícia, manifestantes e, por vezes, contra-manifestantes antirracistas se multiplicaram em inúmeras cidades britânicas, desde Liverpool, no noroeste, até Bristol, no sudoeste, passando por Leeds e Sunderland, na Inglaterra, ou Belfast, na Irlanda do Norte.
No domingo, estas manifestações, sob o lema "Já é demais" em referência à chegada ao Reino Unido de migrantes que atravessam o Canal da Mancha em embarcações infláveis, levaram a ataques contra dois hotéis que abrigam solicitantes de asilo.
Em Rotherham, no norte da Inglaterra, centenas de pessoas se concentraram, quebraram janelas, provocoram incêndios e lançaram projéteis contra agentes da polícia, enquanto outros gritavam lemas como "Expulsem-nos".
O Reino Unido não vivenciava uma onda de violência como essa desde 2011, após a morte de Mark Duggan, um jovem miscigenado, por policiais no norte de Londres.
A polícia culpou especialmente a English Defence League (Liga de Defesa Inglesa), um grupo de extrema direita criado há 15 anos, cujas ações contra a imigração têm sido frequentemente marcadas por explosões sociais.
De forma mais ampla, alguns comentaristas e formuladores de políticas acreditam que o aumento da retórica anti-imigração entre os políticos britânicos legitimou os manifestantes.
(T.Wright--TAG)