Fed mantém taxas de juros inalteradas e vê 'avanços' contra a inflação
O Federal Reserve (Fed, banco central americano) manteve, nesta quarta-feira (31), suas taxas de juros de referência inalteradas e afirmou ter feito "mais alguns avanços" em seu combate à inflação.
Após dois dias de deliberações, os dirigentes do Fed votaram de forma unânime a favor de juros entre 5,25% e 5,50%, anunciou a instituição financeira em um comunicado, conservando este índice no nível mais elevado dos últimos 23 anos.
Após um leve aumento da inflação no início do ano, os dados recentes sugerem que a missão do banco central americano de retornar o índice de preços à sua meta de longo prazo de 2% está encaminhada.
O índice PCE, seu índice de inflação favorito, recuou para uma taxa anual de 2,5% no mês passado, enquanto o crescimento econômico permaneceu forte e o mercado de trabalho se equilibrou.
"Nos últimos meses foram feitos mais alguns avanços com o objetivo de uma inflação de 2% fixada pelo Comitê", assegurou o Fed.
A decisão suscita uma ligeira mudança de tom em relação a junho, quando o banco central americano observou "modestos progressos adicionais".
"O Comitê acredita que os riscos para alcançar seus objetivos de emprego e inflação continuam caminhando em direção a um melhor equilíbrio", declarou a instituição financeira, acrescentando que está "atenta aos riscos em ambos os aspectos".
- Pista sobre reunião de setembro -
Em coletiva de imprensa após o anúncio desta quarta-feira, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que a instituição financeira poderá fazer seu primeiro corte nas taxas de juros "já" em setembro.
"A sensação geral do Comitê (Fed) é que a economia está se aproximando do ponto em que seria apropriado reduzir a nossa taxa de juros oficial (...) já" em setembro, disse Powell.
Os analistas já haviam se mostrado confiantes de que ocorreria uma queda nas taxas em setembro, com uma probabilidade de 100%, de acordo com dados do CME Group. A expectativa era de que Powell anunciasse o corte na próxima reunião do Fed em setembro.
Mas o presidente do banco central americano também terá outras oportunidade nos próximos meses de explicitar a posição da instituição financeira, incluindo seu discurso de abertura em uma reunião dos principais dirigentes do Federal Reserve em Jackson Hole, Wyoming, em agosto.
Em sua decisão anterior sobre as taxas de junho, os dirigentes responderam a um pequeno aumento da inflação, reduzindo o número de cortes planejados para este ano de três para um.
Desde então, os dados ofereceram um panorama muito melhor, no qual analistas agora atribuem uma probabilidade de 60% de que o banco central americano faça cortes de pelo menos 0,75 ponto percentual este ano, de acordo com o CME Group.
Espera-se que esses ajustes sejam traduzidos na forma de três movimentos em separado de 0,25 ponto percentual.
Se o Fed agir em setembro, tal deliberação o colocaria no centro da batalha das eleições presidenciais de 2024, nas quais se espera uma disputa entre o ex-presidente republicano Donald Trump e a atual vice-presidente, a democrata Kamala Harris.
Trump acusou Powell — a quem nomeou para o cargo — de mostrar favoritismo político em relação ao Partido Democrata, e sugeriu que não o renomearia como presidente do Fed se vencer o pleito em 5 de novembro.
(O.Garcia--TAG)