Lula e Biden pedem publicação de atas eleitorais na Venezuela
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu par americano, Joe Biden, pediram nesta terça-feira (30) a divulgação "imediata" das atas eleitorais na Venezuela, ao conversarem por telefone sobre a situação, informaram o Palácio do Planalto e a Casa Branca.
"Os dois líderes coincidiram na necessidade de que as autoridades eleitorais venezuelanas divulguem de forma imediata informações eleitorais completas, transparentes e detalhadas de cada centro de votação", disse a Casa Branca em um comunicado.
O Planalto informou, por sua vez, que "Lula reiterou que é fundamental a publicação das atas eleitorais do pleito ocorrido no último domingo" e que "Biden concordou". Biden "agradeceu a Lula por sua liderança" na questão da Venezuela, acrescentou a Casa Branca.
Os dois presidentes "compartilham a visão de que o resultado da eleição na Venezuela representa um momento crítico para a democracia no hemisfério" e se comprometeram a manter "estreita coordenação" sobre o assunto, completou Washington.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, alinhado ao governo, concedeu a vitória das eleições de domingo a Nicolás Maduro para um terceiro mandato de seis anos, um resultado que a oposição denuncia como "fraude".
Milhares de opositores foram às ruas da Venezuela nesta terça-feira para reivindicar a vitória de seu candidato Edmundo González Uruttia, após protestos que deixaram pelo menos 12 mortos e centenas de presos.
- 'Nada de grave', diz Lula -
Mais cedo, Lula havia insistido na publicação dos resultados detalhados, mas classificou o processo no país vizinho como "normal".
"É normal que tenha uma briga. Como se resolve essa briga? Apresenta a ata. Se a ata gerar dúvida, a oposição entra com um recurso e vai esperar na Justiça o processo. E vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar. Estou convencido de que é um processo normal, tranquilo", disse Lula em entrevista hoje a uma afiliada da TV Globo.
"Não tem nada de grave, nada de assustador, vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial. Não tem nada de anormal", acrescentou Lula.
"Na hora que tiver apresentado as atas, e for consagrada que a ata é verdadeira, todos nós temos obrigação de reconhecer o processo eleitoral na Venezuela."
O Brasil é um dos principais aliados do governo venezuelano, embora tenha endurecido o tom com Maduro em tempos recentes.
"o presidente Maduro sabe perfeitamente bem que quanto mais transparência houver, mais chance ele terá de ter tranquilidade para governar a Venezuela", disse Lula na mesma entrevista.
O Brasil enviou a Caracas para as eleições o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, o ex-chanceler Celso Amorim.
"Amorim esteve com Nicolás Maduro e Edmundo González Urrutia e reiterou a posição do Brasil de seguir trabalhando pela normalização do processo político", informou o Planalto no comunicado.
Antes das eleições, Lula havia admitido ter ficado assustado com as palavras de Maduro sobre um "banho de sangue" nas ruas da Venezuela em caso de vitória da oposição nas eleições presidenciais.
(K.Jones--TAG)