Panamá prevê aumento do fluxo de migrantes na selva do Darién após eleições na Venezuela
O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, previu nesta segunda-feira (29) um aumento do número de migrantes venezuelanos que atravessarão a selva do Darién com destino aos Estados Unidos, após a controversa reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela.
Mais de 200.000 pessoas já realizaram a travessia em 2024, dois terços delas de venezuelanos, segundos dados oficiais panamenhos.
"Eu acredito, e espero estar errado, que o fluxo de venezuelanos [pelo Darién] vá aumentar por razões óbvias. Temos que tomar as decisões correspondentes também para proteger suas vidas, sua integridade e facilitar o trânsito das pessoas que desejam emigrar para os Estados Unidos", disse Mulino em uma coletiva de imprensa.
Mulino também anunciou a retirada do pessoal diplomático panamenho da Venezuela e a suspensão das relações bilaterais após os resultados eleitorais.
Em meio a denúncias de fraude, o órgão eleitoral venezuelano proclamou Maduro como vencedor das eleições de domingo para um terceiro mandato consecutivo de seis anos.
A selva do Darién, na fronteira com a Colômbia, tornou-se um corredor para milhares de migrantes que tentam chegar aos Estados Unidos a partir da América do Sul.
Em 2023, mais de meio milhão de pessoas cruzaram a floresta, onde enfrentam perigos como rios caudalosos, animais selvagens e grupos criminosos que roubam, matam e estupram, relatam organizações internacionais.
Mulino havia dito na quinta-feira passada que "se a situação melhorar [na Venezuela], é possível deduzir que muito menos pessoas se aventurarão neste risco de atravessar a selva", mas "se a situação política piorar, o que é outro cenário, devemos nos preparar porque eu acredito que isso vai aumentar".
Em 1º de julho, Panamá e Estados Unidos assinaram um acordo pelo qual Washington se compromete a financiar com seis milhões de dólares (R$ 33,8 milhões) a deportação e expulsão de migrantes que cruzem o Darién a partir do país da América Central.
Mulino, entretanto, afirmou posteriormente que não planeja repatriar ninguém "à força".
(L.Thomas--TAG)