Trump acusa Harris de antissemitismo em discurso incendiário
O ex-presidente Donald Trump atacou na sexta-feira (26) a vice-presidente Kamala Harris, sua provável rival democrata nas eleições presidenciais de novembro, a quem acusou falsamente de ser antissemita e de defender o assassinato de recém-nascidos.
A vice-presidente, casada com um judeu, avançou nas pesquisas em relação a Trump desde que substituiu o presidente Joe Biden à frente da candidatura democrata, no domingo passado.
O ex-presidente republicano dedicou grande parte de seu discurso em um evento religioso no sul da Flórida para atacar o currículo de Harris como senadora e como vice de Biden, mas várias declarações foram difamações.
Kamala Harris, 59 anos, não compareceu ao discurso do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no Congresso dos Estados Unidos na quarta-feira para comparecer a um compromisso já programado.
Donald Trump, no entanto, disse que a vice-presidente evitou Netanyahu porque é antissemita.
"Não gosta do povo judeu. Não gosta de Israel. É assim e sempre será assim. Não vai mudar", disse.
O comentário mostra uma escalada na retórica incendiária de Trump, poucos dias após sua campanha anunciar que o atentado contra sua vida havia modificado seu discurso para uma busca por unidade.
Trump, convidado pelo movimento ultraconservador 'Turning Point Action', recordou declarações de Harris sobre a polícia, a imigração e o meio ambiente que, segundo ele, o posicionam muito à esquerda da política do atual governo.
- "Executar o bebê" -
Ele também fez acusações sem fundamento contra Kamala, o sistema judiciário e a polícia.
O ex-presidente disse, por exemplo, que o FBI estava perseguindo cristãos ativistas contrários ao aborto, que seriam presos por suas "crenças religiosas".
Ele afirmou que os democratas deram um "golpe" para afastar Biden das eleições e que os Estados Unidos são alvos de piada.
Os ataques mais duros foram, no entanto, direcionados contra Harris, que ele chamou de de "vice-presidente mais incompetente, impopular e ultraesquerdista da história dos Estados Unidos".
Se Kamala Harris conseguir o que quer, eles terão uma lei federal para o aborto, para arrancar o bebê do útero no oitavo, nono mês e até mesmo depois do nascimento: executar o bebê depois do nascimento", afirmou, na que provavelmente foi sua calúnia mais flagrante.
Trump, 78 anos, agora é o candidato à presidência de mais idade da história dos Estados Unidos, e tenta redirecionar a campanha contra uma candidata duas décadas mais jovem que ele, depois da expectativa de enfrentar Biden, de 81 anos.
Na semana passada, o ex-astro de reality shows parecia ter tudo sob controle ao aceitar a indicação presidencial na Convenção Republicana, poucos dias depois de sobreviver a uma tentativa de assassinato.
Na sua tentativa de tornar-se a primeira mulher a presidir os Estados Unidos, Harris tem a tarefa de montar rapidamente uma campanha contra um rival que está em campanha de reeleição quase permanentemente desde que assumiu a presidência em 2016.
O antecessor de Trump, Barack Obama, se comprometeu a apoiar Harris na sexta-feira. As pesquisas mostram que ela reduziu a vantagem que Trump tinha sobre Biden e agora os dois estão em empate técnico.
Horas antes do discurso, Trump recebeu Netanyahu em sua mansão de Mar-a-Lago.
O encontro foi muito mais amistoso do que o que Netanyahu teve com Harris na quinta-feira, quando a vice-presidente pediu um acordo de paz para Gaza.
O território palestino sofre com mais de nove meses de operações israelenses contra o Hamas, cujo ataque em outubro de 2023 causou a morte de 1.197 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Mais de 39.175 palestinos morreram na campanha de retaliação de Israel, de acordo com informações do Ministério da Saúde de Gaza, governada pelo Hamas.
(D.Lewis--TAG)