Kamala Harris é favorita para enfrentar Trump nas presidenciais dos EUA
A vice-presidente americana, Kamala Harris, inicia a semana, nesta segunda-feira (22), como a grande favorita para enfrentar o republicano Donald Trump como candidata democrata às eleições de novembro, graças ao apoio de pesos pesados do partido após a desistência de Joe Biden de disputar a reeleição.
O Partido Democrata prometeu um "processo transparente e ordenado" para substituir o presidente Biden, de 81 anos, depois que ele jogou a toalha devido às dúvidas sobre sua saúde e sua capacidade de derrotar o adversário republicano.
Faltando pouco mais de três meses para as presidenciais, os democratas devem agora escolher um novo candidato na convenção, que será realizada em Chicago a partir de 19 de agosto. Mas é possível que não esperem até essa data.
A favorita é a vice-presidente Harris. No domingo, ela passou mais de 10 horas em telefonemas com mais de cem líderes democratas, congressistas, governadores e outras personalidades, informou uma pessoa de seu círculo próximo.
A iniciativa parece ter dado certo. Ela não só recebeu o "total apoio e endosso" de Biden, mas também do ex-presidente Bill Clinton e de sua esposa Hillary, ex-secretária de Estado.
E sobretudo de ao menos sete governadores, alguns deles considerados potenciais concorrentes: os da Califórnia, Michigan, Illinois, Minnesota, Wisconsin e Maryland.
E ainda o de Kentucky, Andy Beshear, um dos favoritos a ser seu companheiro de chapa.
Parte dos congressistas democratas, tanto progressistas quanto moderados, uniram-se em torno dela.
E nesta segunda, a influente ex-presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, anunciou apoio a Harris.
"Com imenso orgulho e otimismo ilimitado pelo futuro do nosso país, apoio a Vice-Presidente Kamala Harris para Presidente dos Estados Unidos. Tenho plena confiança de que ela nos levará à vitória em novembro", declarou Pelosi em postagem na rede X.
- Legado "inigualável" -
Alguns democratas de prestígio, porém, ainda não o fizeram e a demora para se posicionar gera surpresa.
Entre eles, destacam-se dois: o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, e o influente ex-presidente Barack Obama.
"Navegaremos em águas desconhecidas nos próximos dias", disse Obama em um comunicado no domingo.
Harris, que é negra e de ascendência sul-asiática, e também é a única mulher vice-presidente na história dos Estados Unidos, não parece ter rivais sérios.
Um adversário em potencial, o senador independente Joe Manchin, descartou se apresentar nesta segunda-feira.
A candidatura de Kamala Harris oxigenaria um pleito que seria disputado entre dois políticos em idade avançada e impopulares para muitos eleitores.
Sua equipe afirma que ela arrecadou mais de US$ 49 milhões (R$ 272,4 milhões, na cotação atual) em doações menos de 24 horas depois de Biden lhe declarar seu apoio no domingo.
A vice-presidente se desmanchou em elogios ao seu chefe nesta segunda. Seu legado é "inigualável na história moderna", afirmou durante um ato na Casa Branca.
"Em um mandato, já superou o legado da maioria dos presidentes que completaram dois", acrescentou.
- A "maior honra" -
Se os democratas não chegarem a um acordo para apoiá-la, uma convenção aberta a outros candidatos poderá ser realizada em Chicago, mas neste momento não há indícios de que isso possa acontecer.
A candidatura democrata já estava na corda bamba desde o desempenho desastroso de Biden no debate de junho contra Trump, que saiu mais forte e vive dias de glória após sobreviver a uma tentativa de assassinato e participar de uma convenção republicana em que foi ovacionado.
Biden insistiu durante mais de três semanas em permanecer na corrida eleitoral, ignorando os pedidos para que renunciasse, até que no domingo anunciou a desistência, enquanto se recupera da covid-19 em sua casa de praia em Delaware (leste).
O democrata afirmou que ser presidente foi a "maior honra" de sua vida e prometeu discursar à nação esta semana.
Sua desistência faz dele o primeiro presidente em 56 anos que não disputa um segundo mandato e o primeiro na história dos Estados Unidos a renunciar a essa possibilidade tão tarde.
Harris, sua vice, teve dificuldades para encontrar seu lugar nos primeiros anos na Casa Branca, mas se destacou durante a campanha ao defender questões fundamentais como o direito ao aborto.
Do lado republicano, o anúncio perturba completamente a candidatura de Trump, obrigando-o a rever sua estratégia eleitoral, muito focada em apresentar Biden como um homem senil, confuso e desajeitado.
Esses argumentos podem se voltar contra o republicano caso ele enfrente Kamala Harris, quase 20 anos mais nova. E não há dúvida de que a ex-procuradora Harris pode pressionar Trump por seus problemas com a justiça.
(D.Sanchez--TAG)