Biden isolado, democratas apreensivos e um Trump exultante
Será o golpe de misericórdia? O ex-presidente democrata dos Estados Unidos, Barack Obama, parece duvidar da "viabilidade" da candidatura de Joe Biden, obrigado a suspender sua campanha eleitoral nesta quinta-feira (18) após ser diagnosticado com covid, enquanto seu rival Donald Trump saboreia o sucesso.
Um dia após testar positivo, o democrata de 81 anos tem sintomas "leves" e afirma estar "bem", segundo informou seu medico.
Biden se recupera em sua casa em Delaware, no leste dos Estados Unidos.
O diagnóstico não poderia vir em pior momento e se soma a outros problemas que Biden tem enfrentado nas últimas semanas, desde seu desastroso desempenho no debate contra Trump no final de junho, quando teve dificuldades para falar, ficou várias vezes de boca aberta e até divagou.
- Contra as cordas -
Desde então, o Partido Democrata se pergunta: será que o presidente deve continuar como candidato para as eleições de novembro?
A agitação dentro do partido está se tornando cada vez mais evidente, apesar dos esforços públicos para mostrar uma frente unida e dos desmentidos da Casa Branca.
Citando fontes próximas a Barack Obama, o jornal Washington Post afirmou nesta quinta-feira que o ex-presidente, ainda muito influente no partido, acredita que as chances de vitória de Biden diminuíram e que ele deve "considerar seriamente a viabilidade de sua candidatura".
Obama é o democrata mais influente a se juntar a um número crescente de vozes que pedem para Biden desistir.
Segundo a mídia americana, os líderes democratas no Congresso, Chuck Schumer e Hakeem Jeffries, comunicaram ao presidente em reuniões separadas que sua candidatura poderia colocar em risco as chances do partido nas eleições legislativas.
A CNN afirma que a influente Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara dos Representantes, disse a Biden que as pesquisas indicam não apenas que ele não ganhará, mas que também pode fazer o partido perder cadeiras nas legislativas, que ocorrem ao mesmo tempo.
Vários democratas de alto escalão disseram anonimamente à Axios que a pressão crescente fará Biden desistir de sua candidatura e não descartam que isso aconteça neste fim de semana.
- "Segue na corrida" -
Na quarta-feira, o congressista californiano Adam Schiff pediu a Biden que "passe o bastão".
Diversos membros da Câmara dos Representantes e um senador também imploraram para que ele desista.
A equipe de campanha do presidente-candidato tenta acabar com as especulações.
"Segue na corrida", garantiu Quentin Fulks, responsável pela campanha, aos jornalistas.
"Nossa equipe não considera nenhum cenário no qual o presidente Biden não seja o líder da nossa candidatura: ele é e será o candidato democrata", insistiu.
Donald Trump, de 78 anos, está em posição privilegiada e saboreia as dificuldades dos democratas.
O milagre aconteceu. Ele não apenas sobreviveu a uma tentativa de assassinato em 13 de julho, mas também teve arquivado o caso aberto contra ele por suposta gestão indevida de documentos confidenciais após deixar a Casa Branca em janeiro de 2021.
Sua influência sobre o Partido Republicano é quase absoluta. Nesta quinta-feira, o magnata aceitará formalmente sua indicação como candidato presidencial da formação, em uma festa na qual serão lançados milhares de balões nas cores da bandeira americana.
A Suprema Corte recentemente deu outra vitória a Trump, que enfrenta outros processos judiciais, ao reconhecer que os presidentes dos Estados Unidos desfrutam de ampla imunidade penal.
(L.Thomas--TAG)