Candidato a vice de Trump defende trabalhadores e faz alerta a aliados dos Estados Unidos
J.D. Vance, candidato a vice-presidente na chapa de Donald Trump para as eleições presidenciais de novembro, afirmou em seu discurso na quarta-feira (17) à noite que um governo republicano priorizará a classe trabalhadora e pediu aos países aliados que compartilhem o fardo de manter a paz no mundo.
Depois de aceitar a nomeação de Trump como candidato a vice-presidente, Vance pediu à Convenção Nacional Republicana, reunida em um grande complexo desportivo de Milwaukee, para "escolher um novo caminho".
Vance, 39 anos, foi aplaudido pelos delegados republicanos diante do olhar de Donald Trump, que estava em um camarote, ainda com um curativo na orelha direita; depois de ter sido ferido no sábado passado durante uma tentativa de assassinato.
Em seu discurso, Vance elogiou a "visão extraordinária" de Trump, pediu aplausos para sua mãe, uma ex-viciada que está "em abstinência há 10 anos", e prestou homenagem à sua falecida avó, a mulher que o criou e que possuía 19 armas de fogo.
- Trabalhadores vs. Wall Street -
Criado em uma região industrial americana em decadência, Vance integrou o Corpo de Fuzileiros Navais e se formou em Direito na Universidade de Yale. Ele passou pelo Vale do Silício e em 2022 venceu a eleição para o Senado por Ohio, com o apoio de Trump.
Vance ficou famoso em 2016 com seu livro de memórias "Hillbilly Elegy", uma história sobre sua família branca da classe trabalhadora dos Apalaches no chamado 'Rust Belt' (Cinturão da Ferrugem), uma região industrial em deterioração no Nordeste e Centro-Oeste do país.
"É difícil imaginar um exemplo mais poderoso do sonho americano", afirmou na quarta-feira a sua esposa, Usha Chilukuri Vance, que discursou antes de Vance e o abraçou no palco.
E um dos primeiros temas que abordou em seu discurso foi, justamente, o apoio aos trabalhadores.
"Acabamos, senhoras e senhores, com o atendimento a Wall Street. Vamos nos comprometer com o trabalhador", declarou, antes de acusar o presidente Joe Biden de tornar o país "mais frágil e mais pobre".
"Acabou a importação de mão de obra estrangeira. Lutaremos pelos cidadãos americanos, seus empregos e salários", disse.
"Protegeremos os salários dos trabalhadores americanos e vamos impedir que o Partido Comunista Chinês construa a sua classe média nas costas dos cidadãos americanos", acrescentou.
O conservador de Ohio, que completará 40 anos no próximo mês, será o terceiro vice-presidente mais jovem da História - e um dos menos experientes - se Trump conquistar a vitória em novembro.
Vance foi um crítico ferrenho de Trump na campanha presidencial de 2016. Agora, ele é um dos principais defensores da ideologia de ultradireita MAGA ("Make America Great Again").
- Diplomacia e migração -
Alto, de barba, com olhos azuis, ele é um crítico ferrenho da ajuda à Ucrânia no conflito com a Rússia. Sem mencionar diretamente o assunto, ele prometeu na quarta-feira garantir que os aliados de Washington "compartilhem o fardo de manter a paz no mundo".
"Acabaram as viagens gratuitas para nações que traem a generosidade dos contribuintes americanos", acrescentou.
Crítico da onda migratória que afeta os Estados Unidos, Vance também acusou o governo democrata de ter "inundado o país com milhões de imigrantes ilegais".
Defensor do fechamento das fronteiras e do isolacionismo, Vance é descendente de migrantes escoceses-irlandeses e sua esposa, com quem tem três filhos, possui raízes indianas.
- Agenda extremista -
Seus comentários foram criticados pela equipe de campanha do presidente Joe Biden.
"Apoiado pelo Vale do Silício e pelos bilionários que compraram sua escolha para vice-presidente, Vance é o Projeto 2025 (plano de governo conservador) em forma humana: uma agenda que coloca o extremismo e os muito ricos à frente da nossa democracia", afirmou uma fonte democrata.
"São as famílias trabalhadoras e a classe média que sofrerão se ele vencer", acrescentou.
Mais cedo, em uma reunião paralela à convenção, Vance destacou a coragem do ex-presidente, após sobreviver à tentativa de assassinato durante um comício na Pensilvânia.
Um atirador, que foi neutralizado, abriu fogo contra Trump e provocou um ferimento na orelha direita do ex-presidente.
"Achei que tivéssemos acabado de perder um grande presidente, o que seria terrível para o nosso país (...) Por acaso Trump estava aborrecido? Convocou uma união nacional, pediu calma, mostrou liderança, e a mídia continua dizendo que querem que alguém baixe o tom. Atiraram em Donald Trump e ele baixou o tom. Isso é o que faz um verdadeiro líder", disse Vance.
O candidato a vice-presidente afirmou que "a mídia mentiu da forma mais agressiva e caluniosa" sobre seu chefe, mas que "ele continua avançando, perseverando e lutando".
Por unanimidade, os delegados da convenção republicana nomearam Trump na segunda-feira como seu candidato à presidência.
O empresário fará um discurso na quinta-feira, quando aceitará a nomeação do partido diante de quase 50 mil republicanos que estão reunidos desde segunda-feira em Milwaukee.
Após a convenção, Trump viajará ao Michigan para um comício no sábado, uma semana após a tentativa de assassinato.
(T.Brown--TAG)