Governo trabalhista britânico promete melhorar relações com 'parceiros europeus'
O novo governo trabalhista britânico manifestou, nesta quarta-feira (17), a intenção de "redefinir" e "melhorar" as suas relações com os "parceiros europeus" no anúncio do seu programa para este mandato, lido no Parlamento por Charles III no seu "Discurso do Rei".
No texto do novo programa de governo, pronunciado pelo soberano, como é tradição, o novo primeiro-ministro trabalhista, Keir Starmer, de 61 anos, expressou o seu desejo de alcançar a estabilidade econômica, com orçamentos avaliados por um órgão independente, e a sua intenção de combater o "crime organizado" em termos de imigração irregular.
"O meu governo buscará redefinir as relações com os parceiros europeus e trabalhar para melhorar as relações comerciais e de investimento com a União Europeia", afirmou Starmer no discurso lido pelo rei, no qual reiterou o "total apoio" do Reino Unido à Ucrânia.
Além disso, o Executivo trabalhista, que chegou ao poder ao vencer as eleições de 4 de julho, pondo fim a 14 anos de governos conservadores, anunciou a sua intenção de abolir os direitos hereditários de cerca de uma centena de membros da Câmara dos Lordes.
Os quase 800 membros da Câmara dos Lordes não são definidos por eleição, ao contrário dos da Câmara dos Comuns, mas são nomeados pelo rei e têm poder consultivo.
- Comando de segurança fronteiriça -
No "Discurso do Rei", governo trabalhista britânico confirmou também a sua vontade de criar uma nova força de segurança com os recursos das unidades antiterroristas para combater o "crime organizado" dentro da imigração irregular.
A criação deste novo "comando de segurança fronteiriça" visa "reforçar" o combate aos traficantes, que permitiram que cerca de 90 mil imigrantes chegassem ao Reino Unido desde 2022 através da travessia do Canal da Mancha, que separa as costas da França e da Inglaterra, em pequenas embarcações.
Após vencer as eleições, Keir Starmer confirmou que abandonaria o projeto dos conservadores de deportar imigrantes irregulares para Ruanda.
Na Irlanda do Norte, o novo governo comprometeu-se a revogar uma lei controversa para pôr fim às investigações e aos processos penais por crimes relacionados aos distúrbios e conceder imunidade a pessoas de todas as origens.
Como marca a tradição, o rei saiu do Palácio de Buckingham em uma carruagem dourada em direção ao Parlamento de Westminster para este momento repleto de solenidade.
O governo trabalhista de Starmer venceu as eleições após a sua guinada para o centro, distanciando-se do seu antecessor como líder do partido Jeremy Corbyn, mais à esquerda, após o fracasso nas eleições de 2019.
A vitória de Starmer foi esmagadora, com 411 deputados dos 650 na Câmara dos Comuns, o que lhe permitiu obter maioria absoluta contra o ex-primeiro-ministro, o conservador Rishi Sunak, que obteve 121.
- Avaliação de orçamentos -
No "Discurso do Rei", o Partido Trabalhista prometeu que os orçamentos que apresenta serão avaliados por um órgão independente, o Gabinete de Responsabilidade Orçamentária (OBR), para garantir "a estabilidade econômica" do país.
"Cada mudança significativa nos impostos e nos gastos estará sujeita a uma avaliação independente", acrescentou.
No final de 2022, a então primeira-ministra conservadora Liz Truss causou pânico nos mercados financeiros com cortes de impostos não financiados.
Entre os principais projetos lidos pelo rei está a retomada do plano conservador de proibir a venda de tabaco a pessoas nascidas depois de 2009.
Charles III, de 75 anos, que ascendeu ao trono em setembro de 2022, proferiu o seu segundo "Discurso do Rei" em Westminster, onde alguns manifestantes contra a monarquia gritavam "Não é o meu rei" em frente ao Parlamento.
Em maio de 2022, como príncipe de Gales, substituiu a sua mãe, Elizabeth II, cujo estado de saúde piorava.
Segundo o protocolo, pouco antes da chegada do rei a Westminster, os guardas reais realizaram a inspeção ritual dos porões do Parlamento em busca de explosivos, legado da tentativa fracassada dos católicos de explodir o edifício em 1605.
Mantendo a tradição, a deputada trabalhista Samantha Dixon foi simbolicamente mantida como refém no Palácio de Buckingham para garantir "o retorno seguro do rei" à sua residência.
(K.Lee--TAG)