Democratas e artistas aumentam pressão sobre Biden
O presidente americano, Joe Biden, acreditava ter contido a rebelião, mas a pressão sobre ele aumentou nesta quarta-feira (10) por parte do Partido Democrata e até do ator George Clooney, que lhe pediram que se retire da disputa pela Casa Branca.
"Amo Joe Biden, mas precisamos de outro candidato", escreveu o ator, diretor e produtor em artigo publicado no jornal The New York Times.
Clooney lembrou um evento de arrecadação de fundos para o presidente americano no meio de junho: "É terrível dizer isso, mas o Joe Biden com quem estive há três semanas não era o mesmo Joe Biden de 2010, nem mesmo o Joe Biden de 2020. Era o mesmo homem que todos nós testemunhamos no debate” com Donald Trump em junho.
Naquela noite, Biden parecia muito confuso e cansado, travando ao falar e perdendo o raciocínio várias vezes.
A opinião de Clooney não é isolada, já que Biden sempre teve o apoio tanto midiático quanto financeiro de Hollywood. O ator Michael Douglas também se mostrou "muito preocupado" com as perspectivas eleitorais de Biden nesta quarta-feira.
Dentro do Partido Democrata, também há vozes dissidentes. Nancy Pelosi, 84, ex-presidente da Câmara dos Representantes, colocou Biden entre a cruz e a espada de uma forma sutil, porém firme.
"É uma decisão do presidente se ele vai se candidatar", declarou à emissora MSNBC. "Todos o encorajamos a tomar essa decisão porque o tempo está se esgotando", acrescentou.
Até o momento, oito democratas da Câmara dos Representantes pediram publicamente a Biden que jogue a toalha. A eles se uniu na noite de ontem um primeiro senador. “Acho que Donald Trump caminha para vencer as eleições, talvez de forma esmagadora, e levar o Senado e a Câmara", disse o senador Michael Bennet à rede de TV CNN.
O senador de Vermont Peter Welch foi mais direto e pediu ao presidente que “se retire da corrida” à Casa Branca “pelo bem do país”, em colaboração publicada pelo Washington Post.
- 'Virar a página' -
Biden escreveu na última segunda-feira aos congressistas democratas dizendo que estava "firmemente determinado a continuar na corrida" e pedindo o "apoio" deles. Agora o presidente quer "virar a página", como disse ontem sua porta-voz Karine Jean-Pierre.
O democrata, que tenta dissipar as dúvidas sobre sua forma física e acuidade mental, teve outro dia movimentado nesta quarta-feira. Ele falou brevemente durante uma reunião da principal associação sindical americana, a AFL-CIO. Depois, compareceu à abertura de uma cúpula da Otan em Washington, onde o presidente francês Emmanuel Macron, que também está politicamente enfraquecido, lhe deu um abraço.
Paralelamente a essa reunião, Biden concederá amanhã uma aguardada coletiva de imprensa, que servirá para avaliar a acuidade mental do presidente. Biden voltará a se expor na segunda-feira, em entrevista à NBC.
No momento, as dúvidas sobre a condição física e as capacidades cognitivas de Joe Biden minam completamente as tentativas da sua equipa de chamar a atenção para os planos de Donald Trump sobre o direito ao aborto.
O republicano, 78 anos, desafiou Joe Biden a outro debate, “de homem para homem”, e para uma partida de golfe. Durante um comício na Flórida na terça-feira, Trump acusou Biden de orquestrar “o maior encobrimento da história da política” sobre sua saúde.
- Pesquisas -
Muitos congressistas temem que Joe Biden possa fazer com que eles percam suas cadeiras nas eleições legislativas de novembro, que ocorrem simultaneamente às eleições presidenciais. Pesquisas realizadas desde o debate alimentam esse medo, mostrando que Trump mantém ou amplia sua vantagem sobre o rival democrata.
"O importante não é o que sentimos, mas o que os números nos dizem", escreveu hoje Ritchie Torres, membro do influente grupo de congressistas afro-americanos, em uma rede social.
O site Axios afirma que o líder do partido no Senado, Chuck Schumer, outra figura democrata proeminente, está disposto a considerar outra candidatura. Os senadores democratas devem almoçar amanhã com assessores do entorno de Biden.
Um estudo do instituto Cook Political Report, baseado em 21 grandes pesquisas, atribui ao republicano de 78 anos 47% das intenções de voto a nível nacional, em comparação com 44% de Biden. Nota-se, especialmente, que o democrata perdeu apoio entre afro-americanos, jovens e hispânicos.
(B.Ramirez--TAG)