Biden segue defendendo sua candidatura, mas críticas não param
A candidatura de Joe Biden à reeleição presidencial nos Estados Unidos estava por um fio neste sábado (6), após seus infrutíferos esforços recentes de tentar superar o desastroso debate contra Donald Trump e silenciar as vozes que pedem que ele abandone a disputa pela Casa Branca.
O que antes eram rumores de dissidência dentro do Partido Democrata agora se transformaram em chamados diretos para que ele desista da candidatura por parte de cinco congressistas. Além disso, vários doadores importantes ameaçaram cortar o financiamento se Biden insistir em seguir em frente.
"Não acredito que o presidente possa fazer campanha de forma eficaz e vencer contra Donald Trump", disse neste sábado Angie Craig, a mais recente democrata da Câmara dos Representantes a romper com Biden.
O líder da minoria na Câmara, Hakeem Jeffries, agendou uma reunião virtual para este domingo com altos representantes democratas para discutir o melhor caminho a seguir. E o senador democrata Mark Warner convocou uma reunião similar no Senado.
- Uma “noite ruim" -
Na sexta-feira, Biden insistiu em defender sua candidatura em uma entrevista à ABC, onde evitou perguntas sobre sua agilidade mental.
A aparição visava virar a página de seu péssimo debate com Trump, de 78 anos, mas sua voz abatida e algumas respostas com frases incompletas ou desconexas não parecem ter ajudado.
"Ninguém está mais qualificado do que eu” para ganhar as eleições, declarou o presidente democrata, de 81 anos, numa tentativa de abafar os pedidos dentro de seu partido por sua retirada da corrida eleitoral.
Biden respondeu evasivamente às persistentes perguntas do jornalista George Stephanopoulos sobre suas habilidades cognitivas.
Quando questionado se estaria disposto a se submeter a um teste, o presidente rebateu: "Faço um teste cognitivo todos os dias (...) Não estou apenas fazendo campanha, estou liderando o mundo."
Durante 22 minutos, ele atribuiu seu mau desempenho no debate contra Trump, no qual parecia muito confuso e às vezes divagava, a uma "noite ruim" causada por um resfriado e um grande cansaço. Para ele, está "ombro a ombro" com o ex-presidente.
Os republicanos, que há anos afirmam que o presidente octogenário está senil, reagiram imediatamente. "Biden está em negação e em declínio", opinou Karoline Leavitt, porta-voz de Trump, na rede social X.
- "Senhor Todo-Poderoso" -
Os posicionamentos de aliados foram menos severos, mas muito críticos.
"O presidente está legitimamente orgulhoso de seu histórico. Mas está perigosamente desconectado das preocupações das pessoas sobre suas capacidades para avançar e sua posição nesta corrida", julgou no X David Axelrod, antigo estrategista de Barack Obama.
Axelrod também sugeriu, em uma coluna de opinião publicada na CNN, que Biden está entre a "negação, a desilusão e a obstinação".
A governadora de Massachusetts, a democrata Maura Healey, pediu que ele avaliasse “cuidadosamente” sua candidatura.
O presidente, porém, ignorou esses apelos. "Se o Senhor Todo-Poderoso descesse e dissesse 'Joe, desista da corrida', eu desistiria da corrida, mas Ele não vai descer", disse.
- Velho demais? -
"Deixe-me ser claro: continuo na corrida. Vou derrotar Donald Trump" nas eleições de novembro, insistiu para milhares de apoiadores. "Acham que sou muito velho para vencer Donald Trump?", perguntou, ao que o público respondeu com um sonoro "Não!".
Sua equipe de campanha intensifica seus esforços. Na sexta-feira, lançou um intenso plano para julho, que inclui um bombardeio de anúncios televisivos e visitas a todos os estados-chave, especialmente no sudoeste do país durante a convenção republicana, de 15 a 18 de julho.
Neste domingo, Biden terá dois eventos de campanha na Pensilvânia.
No entanto, a campanha teve que lidar com outro pequeno incêndio neste sábado, quando foi revelado que a Casa Branca forneceu perguntas para as entrevistas que o presidente concedeu a duas estações de rádio na sexta-feira.
A próxima grande prova para Biden será na próxima semana, quando será anfitrião de uma cúpula de líderes da Otan. Na quinta-feira, ele dará uma coletiva de imprensa, que será minuciosamente examinada.
(N.Miller--TAG)