Líder trabalhista assume como primeiro-ministro britânico
O líder trabalhista britânico, Keir Starmer, foi oficialmente nomeado primeiro-ministro pelo rei Charles III, nesta sexta-feira (5), após a vitória esmagadora do seu partido nas eleições legislativas, de acordo com uma imagem do seu encontro publicada pelo Palácio de Buckingham.
Acompanhado da esposa Victoria, este ex-advogado de direitos humanos, de 61 anos, que entrou na política há apenas nove anos, foi recebido durante cerca de meia hora no Palácio de Buckingham.
Starmer e os Trabalhistas conquistaram 412 das 650 cadeiras da Câmara dos Comuns, segundo os últimos resultados de sexta-feira, muito acima do limite de 326 para obter a maioria absoluta na Câmara dos Comuns e poder governar sem a necessidade de coalizões.
Os conservadores do agora ex-primeiro ministro Rishi Sunak, de 44 anos, obtiveram 121 cadeiras frente às 365 de cinco anos atrás com Boris Johson. Esse é o número mais baixo desde a fundação do partido, em 1834.
"Os eleitores se expressaram e estão prontos para a mudança, para pôr um fim à política de espetáculo e voltar à política como um serviço à cidadania", declarou o líder trabalhista Starmer, de 61 anos, em um discurso após sua reeleição como deputado em sua circunscrição do norte de Londres.
"Hoje iniciamos um novo capítulo, iniciamos este esforço de mudança, essa missão de renovação nacional, e começamos a reconstruir o nosso país', acrescentou o líder trabalhista, que dará seus primeiros passos no cenário internacional em uma cúpula da Otan na semana que vem em Washington.
Após a derrota dos conservadores, Sunak anunciou sua renúncia como chefe da formação.
"Após esse resultado, deixarei o cargo de líder do partido, não imediatamente, mas assim que tudo estiver pronto para nomear meu sucessor", disse ele ao deixar Downing Street e antes de apresentar sua renúncia como primeiro-ministro ao rei Charles III.
O partido de extrema direita Reform UK, do polêmico Nigel Farage, um dos grandes incentivadores do Brexit, teria uma entrada significativamente maior do que o esperado no Parlamento, com quatro assentos até o momento.
"A revolta contra o 'establishment' está em andamento", declarou Farage, de 60 anos, no X. Após oito tentativas, ele conseguiu ser eleito deputado pela primeira vez.
- Guinada para o centro -
Apesar de sua folgada vitória, Starmer não superou o recorde de deputados trabalhistas (418), obtido por Tony Blair em 1997, quando pôs fim a 18 anos de governos conservadores.
Os primeiros dirigentes a felicitar Starmer foram o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que falou de "vitória eleitoral histórica", e o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, que disse esperar "trabalhar de forma construtiva" com o novo governo britânico.
Starmer, que aproximou seu partido de posições mais de centro após a derrota trabalhista nas eleições de 2019 de seu antecessor Jeremy Corbyn, de linha mais esquerdista, fez uma campanha pela "mudança" menos radical.
Corbyn, de 74 anos, expulso do Partido Trabalhista acusado de tomar posições antissemitas, renovou seu mandato, ao conseguir o primeiro lugar em sua circunscrição de Islington North, em Londres.
O líder trabalhista prometeu uma gestão cautelosa da economia, dentro de um plano de crescimento a longo prazo que inclui fortalecer os criticados serviços públicos, especialmente o sistema de saúde.
Sunak, que algumas pesquisas colocavam em dúvida sua reeleição como deputado, conservou seu assento ao vencer em sua circunscrição, em Richmond, no norte da Inglaterra.
- Derrota de pesos pesados conservadores -
Se o líder conservador conseguiu manter seu assento no Parlamento, não se pode dizer o mesmo de outros pesos pesados da legenda, como sua antecessora no cargo de chefe de governo, Liz Truss, e os ministros da Defesa, Grant Shapps, e da Cultura, Lucy Frazer.
Sunak deixa o cargo menos de dois anos depois de ter sido nomeado primeiro-ministro, em outubro de 2022, quando assumiu após um desastroso mandato a nível econômico, de apenas 49 dias, de Truss, que havia substituído Boris Johson, envolvido no escândalo das festas em sua residência oficial durante a pandemia de covid-19.
O Partido Conservador, com lutas internas e afundado em uma profunda crise, estava no poder desde maio de 2010, primeiro com David Cameron como primeiro-ministro, seguido por Theresa May e depois Johnson.
O Brexit, em 2020, o covid, o aumento do custo de vida e um criticado funcionamento do serviço de saúde acabaram cobrando o preço dos conservadores.
Após as repetidas acusações de Sunak de que uma vitória trabalhista "se traduziria em impostos maiores para uma geração", Starmer buscou tranquilizar os eleitores insistindo que apenas subirá os impostos para certos contribuintes, entre eles escolas particulares e empresas do setor de hidrocarbonetos, mas não para os trabalhadores.
Starmer também anunciou que abandonará o projeto conservador de enviar aviões para Ruanda com imigrantes irregulares para combater a chegada em massa de pessoas atravessando o Canal da Mancha, que separa a Inglaterra da França.
(F.Jackson--TAG)