Putin visita a China para reunião com o 'amigo' Xi Jinping
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, desembarcou nesta terça-feira (17) na China para uma reunião com o "amigo querido" Xi Jinping, durante um encontro de cúpula multilateral que será ofuscado parcialmente pelo conflito entre Israel e o movimento islamita Hamas.
A visita de Putin tem o objetivo de fortalecer ainda mais os laços entre Moscou e Pequim.
A China recebe esta semana os representantes de 130 países para um fórum do projeto chave do governo Xi, a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI), um programa de desenvolvimento de infraestruturas que permitiu a Pequim ampliar sua influência global.
Putin lidera a lista de convidados e deve se reunir na quarta-feira com o homólogo chinês, em sua primeira visita a uma potência mundial desde o início da invasão da Ucrânia, conflito que deixou seu país isolado internacionalmente.
"Durante as conversas, uma atenção especial será reservada aos temas internacionais e regionais", afirmou o Kremlin, sem revelar mais detalhes.
A missão de Putin é fortalecer uma relação já sólida com Pequim, na qual Moscou é cada vez mais o sócio de menor influência.
Analistas descartam grandes surpresas durante a visita de Putin à China, que é encarada mais como um gesto simbólico de apoio a Moscou.
A Rússia tem consciência de que a China não deseja assinar nenhum acordo importante, afirmou à AFP Alexander Gabuev, diretor do Centro Carnegie para Rússia e Eurásia.
"A China tem todas as cartas na mão".
Apesar da reunião dos líderes durante o encontro de cúpula da BRI, a atenção mundial estará dominada pela guerra de Israel contra a organização palestina Hamas.
Israel declarou guerra contra o Hamas depois que combatentes do grupo invadiram o território israelense em 7 de outubro e mataram mais de 1.400 pessoas, em sua maioria civis.
Os bombardeios israelenses em represália deixaram pelo menos 2.750 mortos na Faixa de Gaza, a maioria civis, segundo as autoridades palestinas.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, pediu ao ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, que utilize a influência de Pequim no Oriente Médio para acalmar a situação.
A China tem relações próximas com o Irã, cujos líderes religiosos apoiam o Hamas e o Hezbollah libanês, que poderia iniciar uma segunda frente de batalha contra Israel.
O enviado especial de Pequim, Zhai Jun, viajará ao Oriente Médio durante a semana para tentar estabelecer um cessar-fogo e negociações de paz, informou o canal estatal chinês CCTV, sem revelar detalhes sobre os países que serão visitados.
- Encontro de amigos -
Xi se reuniu nesta terça-feira, no início da cúpula, com os presidentes do Chile, Gabriel Boric, e do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, informou a imprensa estatal.
Putin e Xi discutirão as relações bilaterais em sua totalidade, afirmou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, durante um encontro com o homólogo Wang.
O ministro Wang disse que a China "aprecia" o apoio da Rússia à BRI.
"Ambas as partes devem planejar atividades comemorativas, aprofundar a confiança mútua estratégica, consolidar a amizade tradicional e promover a amizade de geração em geração", disse o chefe da diplomacia chinesa.
Os dois países têm uma relação simbiótica, na qual a China valoriza o papel da Rússia como bastião contra o Ocidente, enquanto Moscou depende cada vez mais do apoio comercial e geopolítico de Pequim.
"Desde que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia, o país ficou em uma posição de dependência sem precedentes da China", destaca Bjorn Alexander Duben, da Universidade de Jilin, na China.
O eixo da aliança é a relação pessoal de Xi e Putin, que se consideram "amigos queridos".
"O presidente Xi Jinping me chama de amigo e eu também o chamo de amigo", disse Putin ao canal estatal chinês CGTN antes da viagem, segundo um comunicado do Kremlin.
(Y.Harris--TAG)