Líbano acusa Israel da morte de jornalista
As autoridades libanesas culparam Israel, neste sábado (14), por um bombardeio na sexta-feira que matou um jornalista da Reuters e feriu vários outros no sul do Líbano, uma ocorrência que o Exército israelense disse estar "verificando".
Seis jornalistas ficaram feridos no atentado: dois da AFP – incluindo uma fotógrafa gravemente ferida –, dois da Reuters, e dois da rede de televisão Al-Jazeera.
"O inimigo israelense disparou um foguete contra um veículo de imprensa civil, que levou à morte do cinegrafista Issam Abdallah" e feriu vários outros jornalistas, conforme um comunicado do Exército libanês.
O Ministério das Relações Exteriores do Líbano denunciou na rede social X (antigo Twitter) "um assassinato deliberado" e "um ataque flagrante à liberdade de imprensa".
Neste sábado, o Exército israelense disse que "sentia muito" a morte do jornalista Issam Abdallah, sem reconhecer explicitamente sua responsabilidade, e afirmou que abriu "investigações" sobre o ocorrido.
O cinegrafista, de 37 anos, era de nacionalidade libanesa. Entre os seus colegas feridos, estão um americano, três libaneses e dois iraquianos.
Por sua vez, a AFP exigiu a Israel e Líbano "uma investigação exaustiva" para esclarecer as razões do bombardeio.
"É crucial fazer tudo o que for possível para determinar como um grupo de jornalistas claramente identificados como tais e devidamente credenciados pôde ser tomado como alvo", declarou o presidente da AFP, Fabrice Fries, citado em um comunicado.
A tragédia ocorreu quando cobriam a área próxima à cidade de Alma al-Shaab, no sul do Líbano, na fronteira com Israel.
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada pelo ataque do movimento islâmico ao território israelense em 7 de outubro, o sul do Líbano, na fronteira com Israel, tem sido palco de duelos de artilharia entre o movimento libanês pró-iraniano Hezbollah e as forças israelenses.
"Estávamos gravando a fumaça de um disparo de artilharia israelense contra uma colina à nossa frente. Estávamos em um terreno aberto, usando nossos coletes de imprensa e nossos capacetes", disse o cinegrafista americano da AFP Dylan Collins, que ficou ferido.
"Não havia atividade militar, nem fogo de artilharia nas proximidades", acrescentou.
"De repente, ouvimos disparos de armas leves vindos de outra direção, perto da fronteira. Quando viramos nossas câmeras naquela direção, ficamos surpresos com o que parecia ser um disparo de foguetes do lado israelense", continuou Collins.
"Vi minha colega Christina Assi no chão com ferimentos graves nas pernas. Enquanto eu tentava fazer um torniquete nela, atacaram de novo, diretamente, do mesmo lugar", relatou.
- Dois bombardeios -
"Israel nos tomou diretamente como alvo", acusou Carmen Jukhadar, correspondente da rede do Catar Al-Jazeera, hospitalizada em Beirute.
"Às seis horas, quando ocorreu o primeiro ataque, corri em direção ao nosso carro. Depois, pensei que não deveria ficar perto dele, então, saí para fugir, e chegou o segundo", disse a jornalista libanesa.
A Al-Jazeera afirmou que Israel disparou um foguete de um helicóptero Apache.
As operações e confrontos na fronteira têm sido limitados na última semana, mas a Força Provisória das Nações Unidas no Líbano (FINUL), estacionada no sul do país, advertiu na sexta para o risco de que a situação possa se deteriorar e ficar "fora de controle".
A Finul indicou neste sábado que Israel havia direcionado o ataque contra uma posição situada "cerca de 2,5 km do povoado de Alma al-Shaab por volta das 17h20 de sexta-feira, seguido por trocas de tiros e explosões".
"Por ora, não podemos dizer com certeza como o grupo de jornalistas foi atingido", assinalou a força das Nações Unidas em nota.
O general Daniel Hagari, porta-voz das Forças de Defesa israelenses, afirmou neste sábado que Israel responderá "a cada disparo procedente do Líbano com outro disparo".
"O Exército israelense tem uma força muito importante no norte, e qualquer um que chegar à fronteira para entrar no território israelense morrerá", acrescentou, ressaltando que "o Líbano pagará o preço" por essas incursões.
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(K.Lee--TAG)