Casa Branca vive como algo 'pessoal' o ataque do Hamas contra Israel
"Para nós, é pessoal", resumiu um assessor do presidente Joe Biden sobre as emoções que o ataque do Hamas a Israel, um aliado-chave dos Estados Unidos, fez surgir na Casa Branca, um lugar conhecido pelo frio exercício do poder.
Os ataques do grupo islamista palestino no sábado, nos quais mais de 1.200 pessoas morreram, despertaram a ira na Casa Branca, mas sua reação ao destino da população de Gaza, após a morte de mais de 1.800 pessoas em uma semana de ataques israelenses, tem sido mais comedida.
Diante do crescente temor de um desastre humanitário, Biden pediu a Israel que respeite as regras da guerra, mas disse que tinha o "dever" de enfrentar os "terroristas".
A Casa Branca culpou o Hamas por usar o povo palestino como "escudos humanos", que são "civis inocentes".
- "Dor" -
Biden, de 80 anos, é há muito tempo um ferrenho defensor de Israel. Esta semana, ele lembrou que conhece "Bibi", como é apelidado o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, há metade de sua vida.
Uma reforma judicial promovida por Netanyahu esfriou a relação, mas isso parece ter sido esquecido. Nesta semana, Biden não escondeu seus sentimentos.
Na quarta-feira, durante uma mesa redonda para líderes da comunidade judaica dos Estados Unidos na Casa Branca, o presidente interrompeu seu discurso para perguntar a um participante, emocionado, se ele estava bem.
O evento foi apresentado por Douglas Emhoff, o marido judeu da vice-presidente americana, Kamala Harris.
Biden afirmou que ele e sua equipe estão trabalhando incansavelmente e bateu com o punho no púlpito enquanto contava que levou seus filhos ao campo de concentração nazista de Dachau para que tivessem noção dos horrores do Holocausto.
"Eu queria que eles vissem", disse, elevando a voz para que ressoasse na sala.
Nos bastidores, os funcionários da Casa Branca contaram que as imagens dos ataques do Hamas eram "brutais".
A tensão é agravada pelo fato de haver americanos entre as cerca de 150 pessoas sequestradas pelo Hamas e pelo temor de que o conflito se transforme em um confronto regional.
Nesta sexta-feira, Biden conversou com as famílias de 14 americanos desaparecidos desde o ataque.
Não se sabe o que ele disse a eles, mas em entrevista ao programa "60 Minutes" da CBS, Biden assegurou que as famílias dos desaparecidos "têm que saber que o presidente dos Estados Unidos se preocupa profundamente com o que lhes aconteceu".
"Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para trazê-los para casa, se pudermos encontrá-los", disse.
- "Custo humanitário" -
As coletivas de imprensa da Casa Branca, frequentemente estridentes, têm sido mais sombrias desde os ataques, com rostos sérios.
De temperamento tranquilo, o conselheiro de Segurança Nacional de Biden, Jake Sullivan, admitiu aos jornalistas na terça-feira que foi um "momento profundamente emotivo para todos".
Sullivan, de 46 anos, explicou que sente "a dor" de seus colegas quando fala com eles. "Não se trata apenas de política ou estratégia; é algo pessoal para nós."
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, teve que fazer uma pausa para se recompor enquanto falava na CNN no início da semana. "Peço desculpas", disse o ex-almirante da marinha, com a voz entrecortada pela emoção. "É muito difícil olhar essas imagens: o custo humano."
Agora a Casa Branca tem que gerenciar uma crise que poderia deixar cicatrizes no Oriente Médio, enquanto Israel se prepara para o que poderia ser uma invasão terrestre de Gaza.
Os congressistas de esquerda do Partido Democrata pediram a Biden que tente evitar um desastre humanitário em Gaza e insistem no respeito ao direito internacional.
"Não podemos perder de vista o fato de que a esmagadora maioria dos palestinos não teve nada a ver com o Hamas e os atrozes ataques do Hamas, e também está sofrendo como resultado disso", disse Biden nesta sexta-feira.
"Os Estados Unidos acreditam que Israel está violando as leis da guerra?", perguntou um jornalista a Kirby.
"O presidente sempre pensa em proteger a vida dos civis", respondeu.
(O.Garcia--TAG)