Republicanos indicam linha-dura para presidir Congresso dos EUA
Os congressistas republicanos escolheram, nesta sexta-feira (13), o linha-dura conservador Jim Jordan como candidato a presidir a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, em meio à crise que se instalou no partido conservador e paralisou Washington.
O Congresso americano tem duas casas: o Senado, onde os democratas do presidente Joe Biden têm maioria, e a Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos e afundada em um caos sem precedentes.
O último presidente da Câmara, Kevin McCarthy, foi destituído há dez dias por um grupo de partidários do ex-presidente Donald Trump. Sem um "speaker", a casa está impossibilitada de votar qualquer texto, nem mesmo para evitar a ameaça de paralisação do governo ou para apoiar Israel depois do ataque sem precedentes do grupo islamista palestino Hamas.
Inicialmente, o congressista da Lousiana, Steve Scalise, era visto como o nome para assumir a liderança do partido, e chegou a derrotar Jordan em uma votação informal ao longo da semana.
Mas ele se retirou da disputa nesta quinta-feira, apenas 36 horas depois do pleito interno, porque sabia que não conseguiria os 217 votos necessários em sessão plenária no hemiciclo para conseguir o cargo.
Agora, Jordan, congressista por Ohio e apoiado por Donald Trump, terá uma segunda chance. Queridinho da direita, mas visto com ressalva nos círculos mais moderados, ele foi o escolhido em uma segunda votação interna nesta sexta, superando o legislador pela Geórgia, Austin Scott.
"Jim Jordan é autêntico. Jim nunca deixou de ser ele mesmo em todas as funções que desempenhou e em todos os relacionamentos que manteve [...] Por isso ele é confiável", disse Darrell Issa, congressista pela Califórnia.
Para Marjorie Taylor Greene, da extrema direita do Partido Republicano, "ainda é cedo para saber" se Jordan conseguirá ganhar uma votação no plenário da Câmara, mas reiterou seu apoio total ao colega.
- Em busca de apoio -
Ao contrário de McCarthy e Scalise, Jordan conta com a confiança dos mais conservadores do partido, já que passou a maior parte de sua carreira como um político independente de direita antes de chegar à presidência do poderoso comitê judicial.
Mas ele não agrada aos moderados, que lembram de sua participação na queda do presidente anterior da Câmara e na paralisação governamental mais longa da história americana, em 2018.
Segundo a imprensa dos Estados Unidos, Jordan superou Scott na votação interna por 124 votos a 81. Assim, ele precisará do apoio de pelo menos outros 93 republicanos para ganhar a votação no plenário da Câmara.
Alguns congressistas já descartaram qualquer apoio ao linha-dura, o que complica os cálculos em uma Câmara com maioria republicana muito estreita.
"Vamos ter o mesmo problema com Jordan que tivemos com Scalise", previu Mike García, congressista pela Califórnia.
McCarthy, por sua vez, disse aos repórteres que apoiava Jordan e expressou confiança de que o congressista conseguiria os 217 votos no plenário da Câmara.
Com muitos democratas e republicanos fora da capital, uma votação em sessão plenária nesta sexta é improvável. Contudo, ela ainda pode acontecer no fim de semana, se os congressistas receberem um aviso com 24 horas de antecedência.
"Vamos ver isso neste fim de semana. Devemos isto ao povo americano, passar por esse processo o mais rápido possível – mas também com o rigor e a devida diligência que colocamos em todos os nossos processos", assinalou Mike García.
(P.Davis--TAG)