Surgem dois republicanos para presidir Congresso dos EUA afundado no caos
Os congressistas republicanos Jim Jordan e Austin Scott se apresentaram, nesta sexta-feira (13), como candidatos a presidir a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, no meio de uma crise no partido conservador que paralisou Washington.
O Congresso americano tem duas casas: o Senado, onde os democratas do presidente Joe Biden têm maioria, e a Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos e afundada em um caos sem precedentes.
O último presidente da Câmara, Kevin McCarthy, foi destituído por um grupo de partidários do ex-presidente Donald Trump. Naquele momento, acreditava-se que Steve Scalise poderia substitui-lo para mitigar as divisões.
Mas Scalise se retirou da disputa nesta quinta-feira, apenas 36 horas depois que o partido o escolhera em uma votação informal. Ele tomou tal decisão porque sabia que não conseguiria os 217 votos necessários em sessão plenária no hemiciclo para conseguir o cargo.
Nesta sexta-feira, os republicanos terão que escolher um novo candidato entre Jordan, o trumpista que havia perdido contra Scalise na primeira votação interna, e Scott, um conservador tradicional contrário ao aborto, ao controle de armas e ao casamento entre homossexuais, e simpatizante de Trump.
"É um cenário difícil", declarou Scott aos jornalistas na quinta-feira, antes de anunciar sua candidatura, detalhando que nem todos estão se esforçando para encontrar una solução.
"Tem gente ali, você sabe, que gosta de aparecer na televisão" e não negocia seriamente, afirmou. "Faz com que a gente pareça um monte de idiotas."
- 'O mesmo problema' -
Mais tarde, quando lançou sua candidatura nas redes sociais, Scott escreveu que queria "dirigir uma Câmara que funcione em benefício do povo americano".
Ao contrário de McCarthy e Scalise, Jordan conta com a confiança da ala mais conservadora do partido, já que passou a maior parte de sua carreira como um político independente de direita antes de chegar à presidência do poderoso comitê judicial.
Mas ele não agrada aos moderados, que lembram sua participação na queda do presidente anterior da Câmara e na paralisação governamental mais longa da história americana, em 2018.
Contando com o respaldo de Trump, Jordan obteve apenas 99 votos contra Scalise, e precisaria do apoio de outros 118 republicanos para ganhar a votação no plenário da Câmara, caso vença Scott e consiga a indicação.
Alguns congressistas já descartaram qualquer apoio a Jordan, o que complica os cálculos em uma Câmara com maioria republicana muito estreita.
"Vamos ter o mesmo problema com Jordan que tivemos com Scalise", prevê Mike García, congressista pela Califórnia.
A saída de Scalise mergulhou o Congresso em um novo caos, pois, sem a escolha de um presidente, nenhum texto pode ir à votação, nem mesmo para evitar a ameaça de paralisação do governo que se aproxima ou para apoiar um dos aliados mais próximos dos Estados Unidos, Israel, depois do ataque sem precedentes do grupo islamista palestino Hamas.
Com muitos democratas e republicanos fora da capital, uma votação em sessão plenária nesta sexta parece improvável, mas pode acontecer durante o fim de semana se os congressistas receberem um aviso com 24 horas de antecedência.
(Y.Harris--TAG)