Rússia falha em tentativa de retomar assento no Conselho de Direitos Humanos da ONU
A Rússia falhou, nesta terça-feira (10), em sua tentativa de recuperar um assento no Conselho de Direitos Humanos da ONU, do qual foi expulsa após invadir a Ucrânia, mas obteve mais apoio do que Kiev e seus aliados esperavam.
"Os Estados membros da ONU enviaram uma resposta clara ao Kremlin sobre sua agressão, crimes de guerra e atrocidades cometidas durante sua invasão em larga escala à Ucrânia", saudou a vice-ministra das Relações Exteriores da Ucrânia, Eminé Djeppar, na rede social X, antigo Twitter.
No entanto, "a Rússia pode se orgulhar de ter recebido o apoio de quase metade" dos 193 Estados membros da ONU, comentou Richard Gowan, do International Crisis Group. "Isso respalda as alegações da Rússia de que seu isolamento diplomático está diminuindo gradualmente, enquanto muitos Estados estão se cansando dos debates sobre a Ucrânia", disse à AFP, embora "os amigos da Ucrânia ainda sejam a força mais poderosa".
A Assembleia Geral da ONU votou nesta terça-feira para escolher 15 novos membros do órgão sediado em Genebra, para mandatos entre 2024 e 2026.
Os eleitos ou reeleitos são Malaui (182), Costa do Marfim (181), Gana (179), Burundi (168), Indonésia (186), Kuwait (183), Japão (175), China (154), Bulgária (160), Albânia (123), Brasil (144), Cuba (146), República Dominicana (137), Países Baixos (169) e França (153).
Os 47 membros do Conselho são divididos por regiões, e cada grande grupo regional costuma pré-selecionar seus candidatos, que geralmente são aprovados pela Assembleia Geral.
No entanto, este ano dois grupos tinham mais candidatos do que assentos disponíveis: América Latina (Brasil, Cuba, República Dominicana e Peru competiam por três assentos) e Europa Oriental (Albânia, Bulgária e Rússia por dois).
No grupo regional da Europa Oriental, Bulgária e Albânia foram eleitas pela Assembleia Geral da ONU com 160 e 123 votos, respectivamente.
A candidatura russa gerou ceticismo e a votação aconteceu poucos dias após um ataque com mísseis à cidade ucraniana de Groza, que matou mais de 50 pessoas.
Defensores dos direitos humanos e diplomatas ocidentais haviam alertado nos últimos dias contra a reeleição da Rússia.
"Os Estados membros da ONU enviaram um sinal forte às autoridades russas: um governo responsável por inúmeros crimes de guerra e contra a humanidade não tem lugar no Conselho de Direitos Humanos", comentou Louis Charbonneau, da ONG Human Rights Watch.
"Estamos aliviados que os estados que votaram estejam de acordo que (a Rússia) não pode legitimamente ter um assento" neste Conselho, declarou Madeleine Sinclair, do Serviço Internacional para os Direitos Humanos.
Para integrar o Conselho de Direitos Humanos, um país precisa de 97 votos dos 193 países membros da ONU. Em abril de 2022, 93 países votaram a favor de suspender a Rússia do Conselho, enquanto 24 foram contra.
(F.Jackson--TAG)