Líder da esquerda radical francesa sob críticas por posição sobre ataque do Hamas
O líder da esquerda radical francesa, Jean-Luc Mélenchon, causou polêmica, inclusive entre seus aliados no Parlamento, devido à sua posição sobre o ataque do Hamas contra Israel e suas críticas à principal instituição judaica da França.
Após o início da ofensiva do movimento islamista palestino, Mélenchon, de 72 anos, denunciou a "violência desencadeada contra Israel e Gaza", expressou sua "compaixão" por "todas as populações desamparadas" e defendeu um cessar-fogo.
No entanto, o fundador do partido de esquerda radical França Insubmissa (LFI) foi rapidamente alvo de críticas por parte do governo, que considerou insuficiente a condenação à ofensiva do Hamas e denunciou uma posição ambígua.
Ao contrário de seus aliados socialistas, ecologistas e comunistas na frente de esquerda Nupes, seu partido não participou na segunda-feira de uma marcha convocada em Paris pelo Conselho Representativo de Instituições Judaicas da França (Crif).
A França possui a maior comunidade judaica da Europa.
"Ao obrigar todos a se alinharem com a posição do governo de extrema direita israelense, ao aceitar se manifestar com a Agrupamento Nacional [partido de extrema direita francês], (...) o Crif isolou e impediu a solidariedade dos franceses com a vontade de paz", afirmou Mélenchon.
"Os mortos de todos os lados merecem algo melhor e nossa total compaixão", acrescentou o político veterano, apaixonado pela esquerda latino-americana, em uma mensagem na rede social X, antigo Twitter, intensificando a nova polêmica entre ele e essa instituição judaica.
Mélenchon é "um inimigo da República" francesa, afirmou nesta terça-feira o presidente do Crif, Yonathan Arfi, para quem o político de esquerda escolheu "legitimar o terrorismo ao comparar Israel e o Hamas".
"Quando se comete um erro político, é melhor reconhecê-lo do que desacreditar os outros", disse à emissora Public Sénat o líder dos socialistas, Olivier Faure, que, no entanto, rejeitou as palavras da primeira-ministra Élisabeth Borne, que acusou a LFI de antissemitismo "escondido".
As críticas contra a esquerda radical na França apontam para sua recusa em qualificar o Hamas como "terrorista", embora denuncie seus "crimes de guerra", e para sua insistência em lembrar do bloqueio que Israel impõe à Faixa de Gaza.
"Não mudaremos nem uma vírgula de nossa posição, que é a dos defensores da paz", declarou nesta terça-feira Mathilde Panot, líder parlamentar da LFI.
(J.Torres--TAG)