Mil policiais são enviados a favelas do Rio em operação contra o crime organizado
Mil policiais entraram, nesta segunda-feira (9), em pelo menos três favelas do Rio de Janeiro e ao menos dez pessoas foram presas, em uma operação contra o crime organizado frente a uma recente escalada de violência na capital fluminense.
"Mil agentes das forças estaduais de segurança do RJ iniciam hoje uma grande operação de combate ao crime organizado no Complexo da Maré, Vila Cruzeiro e Cidade de Deus", informou o governo do estado do Rio de Janeiro na rede social X, antigo Twitter.
Inúmeras viaturas estavam mobilizadas nesta manhã nas entradas da Maré (zona norte), um dos maiores complexos de favelas do Rio, constatou uma equipe da AFP.
Com fuzis nas mãos, cães farejadores e alguns de rosto coberto, os policiais avançavam a pé pelas ruas da comunidade, praticamente desertas em meio ao patrulhamento ostensivo.
Os policiais também entraram na Cidade de Deus, na zona oeste da capital.
Em seu primeiro balanço da operação, pouco depois do meio-dia, o governo reportou a prisão de nove pessoas, e a apreensão de mais de meia tonelada "de maconha e drogas sintéticas", 100 quilos de pasta base de cocaína e a recuperação de 16 veículos roubados.
Além das apreensões, a polícia retirou mais de 29 toneladas de barricadas de ferro e pneus feitas pelos traficantes para impedir a circulação de veículos dentro das comunidades.
Segundo a imprensa local, dois helicópteros policiais foram atingidos por tiros.
Além das aeronaves, a polícia utiliza drones com tecnologia de reconhecimento facial e câmeras corporais nos uniformes dos agentes, que enviam imagens em tempo real para um centro de controle, segundo o governo.
Os três bairros onde a operação ocorre são considerados redutos do Comando Vermelho, maior facção criminosa do Rio.
“Hoje queremos atacar essa facção criminosa que está tentando expandir o território e gerando conflito com outras organizações criminosas”, afirmou durante a manhã o secretário da Polícia Civil do Estado do Rio, José Renato Torres, em uma entrevista coletiva.
- Espiral de violência -
Nas últimas semanas, o Rio registrou vários episódios de violência que sacudiram a cidade, como tiroteios, um roubo a ônibus com o uso de uma granada caseira e a execução de três médicos na Barra.
As autoridades suspeitam que os profissionais, que visitavam o Rio para participar de um congresso, foram assassinados por "engano", em meio a uma disputa entre traficantes e milícias na Zona Oeste.
Imagens aéreas exibidas recentemente pela TV Globo mostraram traficantes na Maré treinando táticas de guerrilha com fuzis, em um centro poliesportivo próximo a escolas.
Em março, uma operação em uma favela de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, deixou 13 mortos.
Em maio de 2022, uma operação na Vila Cruzeiro deixou 25 mortos, a segunda mais letal da história do Rio, um ano depois de outra que deixou 28 mortos na favela do Jacarezinho, também na zona norte.
Especialistas em políticas de segurança costumam criticar esse tipo de abordagem, alegando que tem um alto impacto na população e baixa eficácia contra as organizações criminosas.
(D.Lewis--TAG)