Polícia investiga se médicos foram executados por 'engano' no Rio
A Polícia Civil do Rio de Janeiro está investigando se três médicos assassinados na quinta-feira foram baleados por "engano", no meio de um conflito entre traficantes de drogas e milícias na zona oeste da cidade, informaram as autoridades nesta sexta-feira (6).
Os investigadores suspeitam que os assassinos foram posteriormente executados por seus próprios comparsas, como forma de "punição" por terem confundido o alvo do ataque.
Renato Torres, secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, disse, em coletiva de imprensa, que "todas as provas" até agora "levam à primeira linha de investigação", segundo a qual um dos médicos teria sido confundido com um integrante de uma milícia.
Segundo a imprensa local, este miliciano estava jurado de morte por um grupo rival aliado ao Comando Vermelho (CV), facção do tráfico de drogas.
Os médicos estavam sentados na madrugada de quinta-feira em um quiosque na orla da praia da Barra da Tijuca, área nobre da cidade, onde participariam de um congresso de ortopedia, quando foram baleados por vários homens vestidos de preto que desceram de um veículo e fugiram segundos depois, de acordo com imagens das câmeras de segurança.
De acordo com a imprensa, os criminosos fizeram 33 disparos.
Após o triplo homicídio, as autoridades encontraram quatro corpos, um deles de um suspeito de ter participado do crime, segundo Torres.
A polícia acredita que aqueles que mataram os médicos supostamente por engano foram posteriormente executados por ordem de um "tribunal do tráfico".
"O que nos parece é que até eles se indignaram com a ação dos seus próprios. E eles fizeram essa punição interna", disse o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro.
"Estamos lidando sinceramente com uma máfia, uma organização criminosa perigosíssima", acrescentou Castro, que repudiou a "total falta de escrúpulos dessas organizações que cometem um ataque tão cruel por engano".
O chefe da Polícia afirmou, no entanto, que nenhuma hipótese está sendo descartada pelas autoridades.
Outro dos médicos executados, identificado como Diego Ralf Bomfim, de 35 anos, era irmão da deputada federal por São Paulo Sâmia Bomfim, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), e cunhado do deputado Glauber Braga, também deputado federal do PSOL pelo Rio de Janeiro.
O PSOL é o mesmo partido ao qual pertencia Marielle Franco, assassinada em 2018 supostamente por suas ações contra milícias.
Esses grupos, que surgiram há cerca de duas décadas na zona oeste do Rio, atualmente controlam diversas áreas da cidade, onde extorquem a população por meio de violência armada e controle de serviços, como segurança, gás, transporte e internet.
(C.Young--TAG)