Bloqueios se intensificam em quarto dia de protestos pós-eleitorais na Guatemala
Indígenas e agricultores bloquearam, nesta quinta-feira (5), pelo quarto dia seguido, cerca de 20 rodovias da Guatemala para exigir o fim de uma suposta perseguição eleitoral no país, que tentaria impedir a posse do presidente eleito, Bernardo Arévalo.
Os manifestantes, em sua maioria indígenas e agricultores, mantêm fechados trechos de rodovias movimentadas como a Interamericana, assim como as rotas que levam às fronteiras com o México, El Salvador e Honduras, de acordo com o órgão estatal Direção Geral de Proteção e Segurança Rodoviária.
O líder indígena Luis Pacheco, presidente do conselho administrativo dos 48 cantões do departamento de Totonicapán, a oeste da capital, onde começaram os bloqueios e protestos, afirmou que as "paralisações continuarão" por tempo indeterminado.
Nesta quinta-feira, indígenas de Quiché (norte) e Escuintla (sul) se somaram às mobilizações.
Arévalo sofreu um revés na quarta-feira, quando a Suprema Corte de Justiça da Guatemala rejeitou um recurso que havia apresentado para frear a ofensiva de três funcionários judiciais, os quais acusa de orquestrarem um "golpe de Estado" para impedir que assuma o poder.
No mesmo dia, o então presidente direitista Alejandro Giammattei descartou a existência de uma suposta escassez de combustível devido aos bloqueios, enquanto o Ministério Público anunciou que seu site foi hackeado.
Na Cidade da Guatemala, a polícia isolou o perímetro do aeroporto internacional La Aurora, em meio a rumores de que os manifestantes pretendiam tomar suas instalações, segundo a Aeronáutica Civil.
Os bloqueios começaram na segunda-feira, depois que a sede do tribunal eleitoral foi revistada para a apreensão de atas eleitorais, após o pedido de suspensão do foro dos magistrados daquele órgão e a tentativa de anulação do partido Semilla (Semente), do presidente eleito, ações que foram assimiladas como perseguição e geraram preocupação e repúdio internacional.
Arévalo venceu o segundo turno das eleições em 20 de agosto, à frente da ex-primeira-dama Sandra Torres, próxima do partido no poder e da poderosa elite empresarial aliada ao governo.
Além disso, os grupos pedem a remoção dos cargos da procuradora-geral Consuelo Porras, do promotor Rafael Curruchiche e do juiz Fredy Orellana, que lideram uma campanha legal considerada como "golpe de Estado" pelo presidente eleito.
Os três funcionários estão em uma lista de "atores corruptos" e antidemocráticos dos Estados Unidos.
A Organização dos Estados Americanos (OEA), Estados Unidos, Espanha, União Europeia e organizações internacionais expressaram seu rechaço à perseguição penal por considerar que atenta contra a democracia e a governabilidade da Guatemala.
(K.Lüdke--BBZ)