Mercado de trabalho supera expectativas em janeiro nos EUA
O mercado de trabalho dos Estados Unidos superou as expectativas em janeiro, com a criação de mais de 350.000 empregos apesar das altas taxas de juros, segundo dados divulgados pelo governo nesta sexta-feira (2).
A resiliência do mercado de trabalho pode ser positiva para o presidente Joe Biden neste ano de campanha eleitoral, durante a qual concorrerá a um segundo mandato.
A maior economia do mundo criou 353.000 postos de trabalho no mês passado, em comparação com os 333.000 registrados em dezembro. Isto representa o dobro do esperado pelos analistas, que anteciparam 175.000 novos empregos, segundo o consenso do Briefing.com.
A taxa de desemprego se manteve em 3,7%, segundo o Departamento americano do Trabalho.
Os salários aumentaram mais do que o previsto, 0,6% em relação ao mês anterior. Em comparação com o mesmo período do ano passado, o salário médio por hora cresceu 4,5%.
O setor de serviços profissionais e empresariais foram os que mais geraram empregos, juntamente com o de saúde e o varejo. Já áreas como mineração e a indústria de extração de petróleo e gás, tiveram redução de vagas, de acordo com as estatísticas oficiais.
A confiança dos consumidores americanos na economia do país atingiu seu nível mais alto em janeiro desde julho de 2021, graças a uma melhora na perspectiva da inflação, segundo uma estimativa da Universidade de Michigan, também divulgada nesta sexta-feira.
- Mercado de trabalho resiliente -
No último ano, a solidez do mercado de trabalho ajudou a manter os gastos dos consumidores e o crescimento, apesar do alto custo dos empréstimos. O bom início deste ano sugere que o mercado de trabalho continuará impulsionando a economia.
O panorama se apresenta mais complicado para o Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA), que tem tentado combater a inflação com aumentos das taxas de juros para aliviar a demanda.
Entre março de 2022 e julho de 2023, o Fed aumentou suas taxas 11 vezes com o objetivo de encarecer o crédito, o que freia o consumo e o investimento, mitigando as pressões sobre os preços. Neste ano, a instituição considera iniciar um ciclo de cortes.
Seu presidente, Jerome Powell, afirmou na quarta-feira (31) que os cortes começarão apenas quando houver "maior confiança" de que a inflação evolui de forma "sustentável" em direção ao seu objetivo de longo prazo de 2% ao ano.
Embora Powell tenha dito à imprensa, na semana passada, que um crescimento forte e um mercado de trabalho robusto não significam, necessariamente, um problema para as autoridades monetárias, um setor muito aquecido pode dificultar o combate à inflação.
- Sinais de preocupação -
Por trás dos números positivos, porém, há "indicadores preocupantes de fraqueza", disse a economista-chefe da ZipRecruiter, Julia Pollak.
"A média de horas de trabalho semanais caiu ao seu nível mais baixo desde a recessão da pandemia", afirmou em um comunicado. As horas semanais caíram para 34,1, um mínimo desde 2010, sem contar o período pandêmico.
"Quando a demanda dos consumidores diminui, as empresas normalmente cortam as horas dos trabalhadores antes de cortarem sua força de trabalho. A leitura atual das horas de trabalho acende um alerta para a economia de que pode haver novos cortes de empregos", acrescentou.
Ao mesmo tempo, os esforços para arrefecer a economia ainda podem ser sentidos em alguns setores.
A consultoria North of Allianz Trade advertiu que os efeitos dos aumentos dos juros levam de "três a seis trimestres" para serem sentidos, e a última alta foi em julho do ano passado.
Os analistas estimam que os dados econômicos farão o Fed esperar até sua reunião de maio para começar a reduzir os juros.
"Isso dependerá da queda contínua da inflação", disse o o economista-chefe Mike Fratantoni, da Mortgage Bankers Association.
(K.Jones--TAG)