OMC reduz em mais da metade projeção de crescimento do comércio mundial para 2023
O comércio mundial de mercadorias deve crescer este ano apenas 0,8% em volume, ou seja, menos de metade do que foi projetado em abril (1,7%), indicou nesta quinta-feira (5) a Organização Mundial do Comércio (OMC), que se preocupa com as tensões geopolíticas e a inflação.
"A desaceleração do comércio prevista para 2023 é preocupante, porque tem efeitos desfavoráveis para o nível de vida da população em todo o mundo", alertou a diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, em comunicado.
No relatório, a organização destaca que "o contínuo colapso do comércio de mercadorias, que começou no quarto trimestre de 2022, levou os economistas da OMC a revisar em baixa as suas projeções comerciais para o ano em curso, mantendo ao mesmo tempo uma perspectiva mais positiva para 2024".
A OMC revisou levemente em alta as suas projeções para 2024, considerando que o crescimento do comércio deve recuperar 3,3% no próximo ano, um leve aumento em comparação com a sua previsão anterior de 3,2%. Em relação ao PIB real, a organização prevê um crescimento estável de 2,5%.
"O crescimento positivo do volume de exportações e importações deve ser retomado em 2024, mas devemos permanecer alertas", disse, no entanto, o economista-chefe da OMC, Ralph Ossa, em comunicado.
A desaceleração do crescimento do comércio de mercadorias parece ser geral, incluindo um grande número de países e uma vasta gama de bens, apesar de alguns setores terem sido mais duramente atingidos, como o ferro, o aço, equipamentos de escritório e de telecomunicações, têxteis e roupas.
Mesmo assim, a OMC alerta para o impacto negativo que uma divisão do comércio mundial em dois blocos geopolíticos poderia ter como resultado da invasão russa da Ucrânia, com os aliados de Kiev, de um lado, e os aliados da Rússia, do outro.
Alertando para o perigo de uma "fragmentação da economia global", a diretora-geral da OMC fez um apelo ao "fortalecimento do ambiente comercial global, evitando o protecionismo".
(F.Schuster--BBZ)