Festival de San Sebastián certifica seu amor por Johnny Depp
Aplaudido por seus seguidores, Johnny Depp aterrissou no Festival de San Sebastián, onde, nesta terça-feira (24), apresenta seu segundo longa-metragem como diretor, em um dia em que os destaques do cinema argentino criticaram os cortes do presidente Javier Milei.
Depp, que se viu marginalizado por estúdios de Hollywood por seu midiático embate judicial com Heard, que o acusou de violência conjugal, chegou na noite de segunda-feira à cidade basca, no norte da Espanha, onde foi recebido por uma multidão na porta de seu hotel.
O astro americano de "Piratas do Caribe" mostrará nesta terça-feira seu novo filme em sua faceta por trás das câmeras, "Modi, Three Days on the Wing of Madness", sobre o artista Amedeo Modigliani, em seção oficial, mas fora de competição.
San Sebastián tem mantido uma histórica boa relação com Depp, inclusive nos anos de sua luta judicial com Heard, chegando a lhe conceder em 2021 o honorário Prêmio Donostia por sua carreira.
Depp voltou às telonas como o rei Luís XV em “Jeanne du Barry”, que, não sem controvérsia, abriu o Festival de Cinema de Cannes do ano passado, onde cem trabalhadores do cinema assinaram uma carta de repúdio a ele.
Depp, 61 anos, apresenta na noite desta terça seu longa-metragem “Modi, Three Days on the Wing of Madness", mas antes participará de uma coletiva de imprensa, na qual provavelmente será questionado novamente sobre seus últimos anos turbulentos.
Seu longa-metragem se concentra em três dias na vida de Modigliani (interpretado pelo ator italiano Riccardo Scamarcio), quando ele era apenas mais um artista tentando ganhar a vida na Paris devastada pela guerra em 1931.
Perseguido pela polícia, ele quer fugir para sua cidade natal, Livorno, mas precisa esperar três dias para se encontrar com um famoso colecionador (interpretado por Al Pacino), enquanto compartilha farras com seus amigos pintores Maurice Utrillo e Chaim Soutine e sua musa, Beatrice Hastings.
- "Paralisia" do cinema argentino -
Também na seção oficial, mas concorrendo à Concha de Ouro - a principal premiação do festival, que entrega seus prêmios neste sábado - está “El hombre que amaba los platos voladores”, o novo filme do diretor argentino Diego Lerman.
Lerman e o ator principal do filme, Leonardo Sbaraglia, aproveitaram a coletiva de imprensa em San Sebastián para criticar os cortes na cultura feitos pelo governo de Javier Milei, que atingiram em cheio o instituto que promove o cinema, o INCAA.
“É um momento de total incerteza” e ‘paralisia’ e é possível que no próximo ano "não haja" filmes argentinos, advertiu Lerman, que rejeitou o "ataque sistemático e violento" contra o setor.
Lamentando ter que “falar sobre política em uma coletiva de imprensa para apresentar um filme maravilhoso”, Sbaraglia condenou a “vontade política” de ir contra um setor “que funciona economicamente e alimenta muitas, muitas famílias”.
Como um gesto de apoio ao cinema argentino, o Festival de San Sebastián exibirá nesta terça-feira o documentário “Traslados”, que reconstrói a trama por trás dos “voos da morte” da última ditadura militar argentina (1976-83).
(K.Jones--TAG)